A agricultura regenerativa está promovendo uma transformação nos campos e lavouras. Seus resultados já alimentam milhões de pessoas no presente, e estão plantando as bases de um futuro mais sustentável.
Imagine práticas agrícolas que não apenas reduzem significativamente as emissões de gases de efeito estufa, como ainda capturam parte do que já foi lançado na atmosfera. Ao mesmo tempo, elas facilitam a nutrição do solo e aumentam o rendimento das colheitas. Essa visão, que há algumas décadas poderia ser uma utopia distante, é o cerne da agricultura regenerativa.
A agricultura regenerativa combina a adoção de métodos inovadores e o resgate de práticas tradicionais. Ela preserva a biodiversidade e transforma as plantações em aliadas contra as mudanças climáticas.
Técnicas como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), por exemplo, reduzem as emissões em 20 a 30%, enquanto retiram até 8 toneladas de carbono da atmosfera por hectare a cada ano.
O movimento, que por muito tempo ficou restrito a pequenas plantações, está começando a impactar gigantes do setor agrícola.
A General Mills é um exemplo. Uma das 10 maiores produtoras de alimentos do mundo e listada na Fortune 500, a empresa tem o compromisso audacioso de utilizar a agricultura regenerativa em 400 mil hectares de terras agrícolas até 2030.
No entanto, mesmo com esses avanços promissores, o panorama atual é um lembrete contundente de que ainda há um longo caminho a percorrer. Apenas 1,5% das terras agrícolas globais usam métodos orgânicos, e a agricultura regenerativa pode ter uma expansão mais significativa.
Saiba quais práticas sustentam esse modelo, os benefícios para a sociedade e o potencial de ganhos para a produção agrícola em todo o mundo. Confira também os projetos de incentivo que visam fortalecer a agricultura regenerativa no Brasil. Siga a leitura.
O que é agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa consiste na restauração e revitalização dos recursos naturais utilizados na agricultura. Ela compõe um sistema amplo que visa melhorar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade e reduzir o impacto ambiental.
Esse modelo propaga práticas que não só mantêm a qualidade do solo, mas também contribuem para seu aprimoramento ao longo do tempo.
Em vez de explorar exaustivamente os recursos, a agricultura regenerativa busca criar um ciclo virtuoso, onde a produção alimentar está intrinsecamente ligada à regeneração contínua do ambiente agrícola.
A ideia de uma agricultura regenerativa é antiga, presente em diversas culturas, mas ganhou as características atuais durante os anos 1970 e 1980, com base no trabalho de Robert Rodale. Escrevendo para a revista revista Organic Gardening and Farming, ele difundiu o que viriam a ser os pilares dessa prática.
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Quais as principais práticas da agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa é muito mais que uma abordagem; é um compromisso com práticas que visam regenerar e fortalecer ecossistemas agrícolas. Ela envolve:
- Cultivo orgânico: a agricultura regenerativa abraça a ausência de pesticidas e fertilizantes sintéticos, priorizando métodos orgânicos que respeitam a integridade do solo, protegem a biodiversidade e minimizam os impactos negativos na saúde humana;
- Cultivo perene: ao integrar culturas perenes, como árvores frutíferas, arbustos e plantas que vivem por vários anos, os agricultores fortalecem a estrutura do solo e contribuem para a biodiversidade;
- Rotação de culturas: evitar a monocultura é essencial na agricultura regenerativa. A rotação de culturas promove a diversidade e ajuda a evitar a degradação do solo;
- Compostagem: transformar resíduos orgânicos em composto é uma prática central. Além de evitar desperdícios, a compostagem enriquece o solo com nutrientes vitais;
- Sistema agroflorestal: integrar árvores, culturas e gado em sistemas agroflorestais não apenas melhora a resiliência do ecossistema, mas também oferece benefícios econômicos e sociais.
Quais os pilares da agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa é fundamentada em pilares que buscam equilibrar uma produção eficiente, a sustentabilidade ambiental e a saúde dos consumidores.
Evitar o revolvimento do solo
Manter a estabilidade da terra é crucial para preservar sua estrutura e saúde. O revolvimento excessivo pode comprometer a composição do solo, levando à compactação e à perda de nutrientes.
As práticas de plantio direto e cultivo mínimo são adotadas para minimizar a interferência, permitindo que os microrganismos prosperem e promovam a saúde do solo.
Manter o solo coberto
Manter o solo coberto com vegetação e resíduos orgânicos é essencial para a saúde do ecossistema agrícola.
A cobertura protege o solo da erosão causada pelo vento e pela água, retém a umidade e fornece um ambiente propício para a atividade microbiana.
A utilização de práticas como pastagem, cobertura morta, e culturas de cobertura contribui para a manutenção desse equilíbrio.
Biodiversidade
A promoção da biodiversidade é um elemento central da agricultura regenerativa, pois contribui para a resistência a pragas, polinização eficiente e equilíbrio ecológico.
Ela começa por diversificar as culturas, mas pode ir além e incorporar plantas nativas ou manter áreas para habitats naturais, por exemplo.
Integração de animais
O pastejo controlado ajuda a fertilizar o solo com esterco, contribuindo para a ciclagem de nutrientes.
Além disso, os animais podem ser uma ferramenta eficaz no controle de ervas daninhas e pragas, proporcionando benefícios mútuos para a agricultura e a pecuária.
Principais benefícios da agricultura regenerativa
A agricultura regenerativa proporciona vantagens para a produção agrícola, além de beneficiar o meio ambiente e a sociedade em diversas frentes.
Qualidade do solo e da água
A agricultura regenerativa promove a saúde e a fertilidade do solo, aumentando sua capacidade de retenção de água, nutrientes e carbono.
Dessa forma, a prática contribui para a produção sustentável de alimentos, garantindo um ambiente propício para o crescimento de culturas saudáveis.
Ao reduzir o uso de fertilizantes químicos e pesticidas, a agricultura regenerativa também minimiza a contaminação dos recursos hídricos.
Ela resulta em água mais limpa e saudável, beneficiando não apenas a produção agrícola, mas toda a comunidade que depende dessas fontes.
Aumento da resiliência na produção
A diversificação de culturas e a promoção da biodiversidade tornam os sistemas agrícolas mais resilientes a doenças e pragas.
A rotação de culturas e a integração de animais ajudam a evitar o esgotamento do solo e a reduzir a dependência de insumos externos, tornando a produção mais robusta e sustentável.
Conservação da biodiversidade
A agricultura regenerativa favorece a biodiversidade ao criar ambientes propícios para a vida vegetal e animal.
Ao adotar práticas que respeitam os ecossistemas locais, os produtores contribuem para a preservação de espécies nativas e a manutenção do equilíbrio ecológico.
Redução das emissões de gases de efeito estufa
Métodos como a rotação de culturas e a cobertura do solo contribuem significativamente para a captura de carbono e a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Isso não apenas ajuda a mitigar as mudanças climáticas, mas também fortalece a posição da agricultura regenerativa como uma prática alinhada aos objetivos de sustentabilidade.
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Alimentos mais saudáveis e nutritivos
Solos saudáveis e biodiversos tendem a produzir colheitas mais ricas em nutrientes essenciais.
Além disso, a abordagem regenerativa coloca um foco renovado na qualidade dos alimentos, proporcionando benefícios diretos para a saúde dos consumidores.
Incentivos e projetos que estimulam a agricultura regenerativa
A crescente preocupação com a sustentabilidade na agricultura tem impulsionado a criação de iniciativas e projetos que visam estimular a adoção de práticas regenerativas no setor.
Plano Safra 23/24
O Plano Safra 23/24, alinhado às tendências globais, incorporou incentivos significativos para a adoção de práticas sustentáveis na agricultura.
Uma das medidas destaca a concessão de descontos de meio por cento nos juros de custeio para produtores que optarem por medidas mais sustentáveis, como o uso de insumos biológicos.
Este é um movimento estratégico, considerando o expressivo crescimento do mercado de insumos biológicos, prevendo ultrapassar os 5 bilhões de reais no Brasil.
Com esses incentivos governamentais e outras iniciativas do próprio setor, espera-se um impulso significativo na indústria de insumos biológicos no país.
Iniciativas a caminho
Há um projeto de lei em discussão na comissão de meio ambiente do Senado que visa criar um marco regulatório para os defensivos biológicos, atualmente enquadrados como defensivos comuns.
O novo projeto propõe tratamento diferenciado, considerando suas particularidades e oferecendo benefícios tributários, fiscais e ambientais adequados.
A iniciativa busca não apenas estabelecer uma regulação mais clara e específica para os defensivos biológicos, mas também destacar seus benefícios, fortalecendo o setor e promovendo a transição para práticas agrícolas mais sustentáveis.
Além disso, representantes de indústrias de bioinsumos, da Embrapa, de universidades e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estão colaborando para elaborar uma política pública de incentivo à produção agropecuária mais sustentável.
A proposta inicial visa a recuperação de pelo menos 30 milhões de hectares de pastagens degradadas – hoje temos aproximadamente 70 milhões nessas condições.
A ideia inclui oferecer melhores condições de financiamento aos produtores comprometidos com a sustentabilidade, promovendo um engajamento efetivo na transição para práticas de agricultura regenerativa.
Conclusão
O equilíbrio entre eficiência agrícola e práticas regenerativas é fundamental para garantir a viabilidade econômica do setor, ao mesmo tempo em que se abraça uma abordagem sustentável. À medida em que esse movimento ganha destaque, fica evidente como a inovação desempenha um papel crucial.
A agricultura regenerativa oferece uma visão esperançosa para o futuro. No entanto, para que essa transição seja bem-sucedida, é necessário incorporar inovações que impulsionem a eficiência e a produtividade, sem comprometer os princípios fundamentais da sustentabilidade.
É neste contexto que a AEVO se destaca como um parceiro estratégico que pode auxiliar em seu proscesso de inovação.
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