A digitalização da economia global está ganhando intensidade a cada ano. As moedas virtuais, que pegaram os bancos centrais de surpresa, hoje são estudadas por essas organizações como uma alternativa ao dinheiro tradicional. É nesse contexto que surge o Drex, ou Digital Real X.
As moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) são uma área de grande interesse e inovação.
O Drex faz parte desse contexto, guiando as ações do Banco Central Brasileiro (BCB). A proposta é garantir que o Brasil esteja nas primeiras posições dessa transição, que hoje é liderada pela China com o Yuan Digital (e-CNY ou e-RMB), já em circulação.
Embora ainda não haja uma data estimada para o lançamento, é quase garantido que o Drex – ou alguma solução semelhante – estará em nosso futuro financeiro.
As CBDCs têm o potencial de aprimorar a eficiência dos serviços financeiros, especialmente em pagamentos de varejo, além de fomentar a competição e a inclusão.
O Drex deve cumprir esse papel, com valor e aceitação iguais aos da moeda tradicional, já que será emitido exclusivamente pelo BCB.
Conheça os aspectos centrais do projeto Drex, quais benefícios ele traz para a nossa economia e como se diferencia de outras soluções digitais. Siga a leitura.
O que é Drex?
Drex é a abreviação de Digital Real X, e se refere à iniciativa para introduzir o Real Brasileiro em circulação numa forma totalmente digital. Em essência, o Drex é o Real em uma versão eletrônica, mantendo rigorosamente o mesmo valor e aceitação da moeda física.
Esta proposta implica que uma conta de 50 reais pode ser paga com 50 Drex, proporcionando uma transição suave entre as formas física e digital.
A paridade também valerá para as cotações. O Drex não terá flutuação independente, e se um dólar valer quatro reais, por exemplo, também valerá quatro Drex.
A regulação do Drex será estritamente acompanhada pelo Banco Central, com a moeda sendo emitida apenas através da sua plataforma. As normas e regras que regem o Real também serão aplicadas ao Drex, e qualquer alteração futura nas políticas monetárias será válida para ambas as formas.
Além disso, as transações envolvendo o Drex estarão protegidas pelas mesmas garantias jurídicas que as transações com dinheiro físico.
Qualquer tentativa de manipulação ou atividade criminosa relacionada ao Drex estará sujeita às mesmas punições previstas para a moeda tradicional, assegurando a integridade e confiança no novo meio de pagamento digital brasileiro.
Em nosso país, as discussões sobre o Real Digital começaram em 2020, e já delinearam as principais diretrizes para o seu lançamento.
Em março de 2023, o BCB deu um passo importante, testando o Drex em um ambiente restrito para conferir de maneira prática o seu funcionamento. Essa é uma etapa de vários ajustes, e conforme eles forem realizados, o Banco Central pretende iniciar testes mais amplos entre a população brasileira.
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Como funciona o sistema Drex?
O sistema opera por meio da tecnologia blockchain, estrutura também utilizada pelo Bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas.
Apesar da semelhança, é importante destacar que o Real Digital não se enquadra na categoria de criptomoedas tradicionais, uma vez que seu valor está diretamente vinculado à moeda nacional.
Dessa forma, as variações de valor comuns em criptomoedas não se aplicam ao Drex, proporcionando maior estabilidade e previsibilidade.
A distribuição do Drex ocorrerá por intermédio das instituições financeiras, a exemplo dos bancos. Em alguns anos, é esperado que essas instituições ofereçam serviços para a troca direta dos reais em contas bancárias pelo equivalente em Drex.
Para facilitar o uso do Drex em transações diárias, duas abordagens são as mais prováveis.
Em primeiro lugar, aplicativos bancários e soluções de internet banking devem incluir ferramentas específicas para aceitar essa versão. A partir daí, transferências, pagamentos, empréstimos, investimentos e outras operações poderão ser feitas utilizando a moeda digital.
Além disso, estabelecimentos físicos e prestadores de serviços poderão adotar soluções como o QR Code, para agilizar os processos de pagamento no mundo físico.
Qual a diferença do Pix para o Drex?
A principal distinção entre o Pix e o Drex está no escopo de suas aplicações.
Em resumo, o Pix é um meio de transferência instantânea entre contas bancárias, enquanto o Drex é a representação digital do real, ou seja, um 1 Drex equivale 1 real em moeda física.
O Pix é uma solução inovadora de pagamento instantâneo desenvolvida pelo BCB, projetada para facilitar a transferência de valores de maneira rápida e eficiente.
No cenário atual, alguém pode realizar um Pix de 100 reais para efetuar o pagamento de suas compras no supermercado. Da mesma forma, poderia utilizar o débito em conta ou até mesmo sacar esses 100 reais fisicamente e entregá-los ao caixa, por exemplo.
Já o Drex é uma proposta mais abrangente, representando a versão digital do dinheiro brasileiro. Sua implementação visa oferecer uma alternativa digital ao dinheiro físico.
Com a sua circulação, será possível realizar um Pix de 100 Drex para efetuar aquele mesmo pagamento no supermercado.
Quem vai poder utilizar o Real Digital?
Para atingir seu potencial, o Real Digital deve atingir o máximo de pessoas e instituições que puder, e não há limites sobre quem poderá ter acesso à moeda.
Hoje, no entanto, ele circula em um ambiente limitado a 16 instituições financeiras, selecionadas pelo Banco Central entre instituições de pagamento, cooperativas, bancos públicos, desenvolvedores de serviços de criptoativos e infraestrutura do mercado financeiro.
Na próxima fase, participantes sem ligação com essas organizações devem ser selecionados para fazer parte do sistema. Os testes serão ampliados de maneira gradual, garantindo que o Drex demonstre acessibilidade tecnológica e segurança em cada etapa, até ser lançado de modo aberto.
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Principais benefícios do Drex
Não é à toa que as primeiras CBDCs do mundo já entraram em circulação, e as maiores economias do planeta buscam formas de seguir este caminho.
As moedas digitais de bancos centrais, a exemplo do Real Digital, podem modernizar o sistema monetário de uma nação, trazendo benefícios como:
1 – Eficiência e rapidez
O Drex promete aprimorar significativamente a eficiência e rapidez das transações financeiras, alinhando-se aos princípios do Pix, mas estendendo seu impacto.
Ao utilizar a tecnologia blockchain, semelhante à de outras criptomoedas, o Drex garante um ambiente seguro e descentralizado para suas operações, eliminando intermediários e simplificando processos.
A tecnologia por trás do Drex permite a liquidação quase que imediata das transações, proporcionando uma experiência ágil e eficiente para os usuários. Ela não apenas agiliza pagamentos e transferências, mas também simplifica outros processos financeiros, como empréstimos e investimentos.
2 – Segurança
A segurança é uma das prioridades do BCB na criação da versão digital do real, assegurando aos usuários um ambiente confiável e protegido para suas transações.
A tecnologia blockchain é reconhecida por sua robustez e resistência a fraudes.
Cada transação realizada com Drex será registrada em blocos sequenciais, criptografados e conectados, formando uma cadeia imutável de informações.
A descentralização proporcionada pela tecnologia blockchain significa que não há um ponto único de falha, tornando mais difícil para potenciais invasores comprometerem a segurança do sistema.
Além disso, o Drex mantém a integridade e a autenticidade das transações, minimizando riscos de falsificação ou atividades fraudulentas.
3 – Inclusão
O Drex visa promover a inclusão financeira, eliminando barreiras e facilitando o acesso a serviços bancários para um público mais amplo.
Ao oferecer uma versão digital do Real Brasileiro, a moeda proporciona uma alternativa acessível e eficiente para aqueles que têm pouco ou nenhum acesso aos serviços tradicionais.
A simplicidade nas transações e a facilidade de uso do Drex são fatores essenciais para alcançar a inclusão financeira. Pessoas que anteriormente enfrentavam obstáculos para abrir contas bancárias ou acessar serviços financeiros poderão participar ativamente da economia digital.
4 – Inovação
O Drex surge como um avanço significativo da inovação no cenário financeiro brasileiro.
Ao adotar a tecnologia blockchain, a moeda digital se destaca como uma inovação disruptiva que redefine a forma como as transações financeiras ocorrem.
A implementação do Drex representa uma evolução nas práticas financeiras, proporcionando uma alternativa digital mais eficiente e avançada em comparação com os métodos tradicionais.
A introdução da moeda digital cria um ambiente propício para o desenvolvimento de soluções inovadoras em pagamentos, transferências e outros serviços financeiros.
Além disso, o Drex pode servir como uma plataforma para o surgimento de novas tecnologias e aplicativos financeiros.
A integração com sistemas de pagamento eletrônico, desenvolvimento de aplicativos específicos e a criação de ecossistemas financeiros digitais são algumas das possibilidades inovadoras que o Drex proporciona.
5 – Possibilidade de usar em qualquer país
Um dos benefícios do Drex é a sua universalidade, permitindo que seja utilizado em transações internacionais de maneira prática e eficiente.
A moeda digital elimina as barreiras geográficas e simplifica as operações financeiras além das fronteiras nacionais.
Ao contrário de algumas formas de pagamento tradicionais, que podem enfrentar desafios em termos de câmbio e taxas, o Drex opera em um ambiente global sem a necessidade de conversões complexas. Isso oferece aos usuários a capacidade de realizar transações internacionais sem complicações, independentemente do país de destino.
A utilização do Drex em transações internacionais não apenas simplifica o processo, mas também pode reduzir custos associados a taxas de câmbio e outras tarifas. Essa característica é particularmente valiosa para empresas e indivíduos envolvidos em atividades comerciais ou financeiras em escala global.
6 – Regulamentação facilitada
O Drex, como uma moeda digital, oferece uma vantagem significativa em termos de regulamentação devido à sua natureza digital e à sua emissão exclusiva pelo Banco Central Brasileiro (BCB).
A facilidade de regulamentação está intrinsecamente ligada à tecnologia blockchain, que serve como base para o Drex.
Por ser uma moeda digital, todas as transações realizadas com Drex podem ser acompanhadas de maneira transparente. Isso significa que é possível às autoridades reguladoras, incluindo o BCB, ter acesso em tempo real a informações detalhadas em investigações sobre golpes, lavagem de dinheiro e financiamento de atividades ilegais, por exemplo.
A natureza digital do Drex também permite uma resposta mais rápida a eventos econômicos e crises, pois o BCB pode ajustar instantaneamente parâmetros como taxas de juros e oferta de moeda. Essa agilidade na regulamentação contribui para a estabilidade financeira e a adaptação eficiente a mudanças nas condições econômicas.
Conclusão
O Drex é uma resposta inovadora às demandas crescentes por eficiência, segurança e inclusão no ambiente financeiro. Ancorado ao Real e impulsionado pela tecnologia blockchain, ele oferece uma perspectiva de eficiência e rapidez nas transações financeiras.
A sua criação sinaliza uma mudança ampla na economia brasileira, a implementação deve modernizar o sistema financeiro, alinhando-se às tendências globais de digitalização.
Essa inovação não se limita apenas ao aspecto tecnológico, mas reverbera nas práticas financeiras e nos modelos de negócios que podem surgir.
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