Economia Criativa (Creative Economy) é um modelo de negócio ou gestão que coloca em evidência a criatividade e inovação como essência das suas atividades, produtos ou serviços.
É comum que a creative economy esteja presente em setores que tem a criatividade como principal ativo, como, por exemplo: na área da cultura, das artes, da comunicação, da tecnologia e inovação, etc.
A relevância desse modelo de negócio também se traduz em números. Segundo a UNESCO, a economia criativa movimenta no mundo cerca de US$ 2,25 bilhões, empregando cerca de 30 milhões de pessoas ao redor do planeta.
Entenda mais sobre as ramificações e oportunidades da economia criativa, sua importância e como ela impulsiona a inovação no país. Siga a leitura.
O que é economia criativa?
De modo amplo, a ideia central da economia criativa é, de fato, identificar processos, ideias e empreendimentos que usam a criatividade para criação de produtos e serviços que, consequentemente, geram receita.
Trata-se de um conceito apresentado pela primeira vez pelo pesquisador inglês John Howkins em seu livro “The Creative Economy: How people make money from ideas”, publicado em 2001.
O livro foi traduzido para diferentes idiomas, inclusive, para o português na versão: “Economia Criativa: como ganhar dinheiro com ideias criativas”.
A economia criativa valoriza a criatividade, a inovação e a cultura como motor para o desenvolvimento. Esse segmento econômico promove o uso sustentável de recursos, para estimular a diversidade cultural e gerar novas oportunidades de emprego até diferentes dos modelos tradicionais.
De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, somente no Brasil, estão empregados, hoje, na economia criativa, mais de 7 milhões de trabalhadores, que devem chegar a 8,4 milhões em 2030.
Ao contrário da economia tradicional, centrada em atividades como manufatura, agricultura e comércio, a economia criativa se destaca por sua capacidade de adaptação e reinvenção.
Um modelo de negócio inovador abre espaço para que o potencial individual ou coletivo de produzir bens e serviços diferenciados estejam em evidência. E por meio da exploração e implementação de ideias inovadoras, as empresas ou empreendedores podem agregar algum tipo de valor para seu público, gerando impacto econômico, social e cultural.
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Principais setores da economia criativa
Quando o setor de “economia criativa” surgiu era encarado apenas como um nicho de mercado para as áreas de entretenimento, cultura, artes, design, artesanato e tecnologia.
Mas, a evolução da economia criativa no Brasil, revelou novos desdobramentos, focados na inovação, em que todas as cadeias produtivas foram impactadas pelo potencial criativo. Assim, atualmente, já podemos identificar, ao menos, 20 setores dentro da economia criativa nacional, os quais dividimos em quatro áreas principais:
1 – Artes e cultura
Na área de artes e cultura é possível identificar ações da economia criativa nos ramos de moda e estilo, como o desenho de roupas, calçados e modelistas; cinema; música, por meio da escrita de canções, produções musicais, mixagem de som e outros; artes plásticas; artesanato e outros.
2 – Mídia e entretenimento
No setor de mídia e entretenimento, o foco em televisão, publicidade e jogos digitais têm ganhado cada vez mais espaço, especialmente no desenvolvimento de conteúdo, distribuição, programação e transmissão.
3 – Design e tecnologia
Oportunidades de carreira como design gráfico, design digital e desenvolvimento de software são destaques da área de design e tecnologia da economia criativa que vão muito além do ambiente online, e podem ser empregados em design de móveis, criação de ferramentas para indústria, inovação logística e mais.
4 – Arquitetura e urbanismo
A economia criativa também se reflete na arquitetura e urbanismo, por meio de soluções urbanas criativas e sustentáveis, além de design e projetos de edificações, paisagens e ambientes e, claro, planejamento e conservação.
Benefícios da economia criativa
O mercado da economia criativa traz muitos benefícios à sociedade, com destaque para o desenvolvimento social e econômico, a geração de empregos e melhora no PIB, e a valorização da diversidade cultural e inovação. Entenda mais:
Desenvolvimento social e econômico
Segundo os últimos dados oficiais do Ministério da Cultura, a economia criativa movimenta mais de R$230 bilhões no Brasil. Isso revela o potencial de desenvolvimento social e econômico deste modelo econômico.
Além disso, um estudo do Jornal O Globo demonstra que, entre 2012 e 2020, a economia criativa cresceu acima da média do PIB nacional, o que significa que enquanto a soma de todas as riquezas aumentou em 55%, na indústria criativa o crescimento foi de 23 pontos percentuais, isto é, 78%.
Geração de empregos e impacto no PIB
O fato de a economia criativa abranger atividades rústicas, artísticas e artesanais ou ligadas à inovação e tecnologia, faz com que a criação e oferta de empregos seja expandida para muito além da economia tradicional.
Atualmente, o Produto Interno Bruto (PIB) do empreendedorismo criativo é de 3,11%, superando o da indústria automotiva, como destaca o Ministério da Cultura.
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Valorização da diversidade cultural e da inovação
Sustentabilidade, inovação, inclusão e diversidade são os pilares da economia criativa e, como dito, abre espaço para que novas expertises e habilidades sejam desenvolvidas.
Dessa forma, abre-se espaço para que mais pessoas demonstrem seus talentos, não se limitando às ofertas de carreiras tradicionalmente conhecidas, que exigem posturas, rotinas e comportamentos que não se aplicam a todas as realidades.
Novas oportunidades de trabalho e formas de empreendedorismo
Embora a economia criativa seja mais associada às profissões artísticas, não podemos ignorar também as áreas mais técnicas.
Como, por exemplo: designer gráfico, designer de moda, arquiteto, fotógrafo, roteirista, desenvolvedor de jogos, ilustrador, dançarino, atriz, designer de interiores, jornalista, publicitário, web designer, consultor de marcas, YouTuber, influenciador digital, podcaster e outros, que possibilitam uma série de oportunidades para empreender ou para fazer carreira em organizações.
Como empreender na economia criativa?
Uma das portas mais promissoras para a expansão da economia criativa é a internet. Portanto, para empreender nos ramos da criatividade econômica, alguns princípios podem ajudar, como:
1. Identifique as suas habilidades
Entenda aquilo que você tem destreza para fazer ou que gosta de fazer e faz bem.
Pode ser tirar foto, fazer bolo, falar em público… todas as skills que você possui podem ser aplicadas em projetos e gerar valor econômico. Vamos tomar como exemplo a atividade gastronômica de confeiteiros.
2. Observe o que o mercado precisa
Identificar quais são as tendências de mercado e o que as pessoas procuram ou gostam de consumir, possibilita encontrar oportunidades na sua área de interesse. No nosso exemplo, quais as tendências? Naked Cake, Bolo Vintage, Bentô Cake?
3. Gere ideias
Com as habilidades identificadas e as tendências do mercado observadas, é hora de unificar os pontos em um conceito que solucione um problema ou atenda a necessidade do público que você está visando.
No nosso exemplo: oferecer bentô cake para festas infantis e buffets de casamento.
4. Identifique a melhor forma de dar vida às suas ideias
A partir da definição da ideia principal, é hora de mostrar suas habilidades e criações anteriores por meio de um portfólio visual atrativo. No nosso exemplo, vale começar a criar os bentô cakes e fotografá-los para montar um portfólio de produtos e sabores disponíveis.
5. Divulgue o seu negócio
Conectar-se com pessoas é fundamental, seja por meio de parcerias, fornecedores ou potenciais clientes. Assim, no nosso exemplo, foque em divulgar seu trabalho nas escolas, assessorias de casamentos, redes sociais e plataformas online no seu bairro e município.
6. Recursos e investimentos iniciais
É muito importante ter um plano de ação traçado para começar um negócio do zero na economia criativa.
Quando não há recursos para iniciá-lo, é importante considerar e explorar as opções de financiamentos, como crowdfunding, investimentos ou editais para financiar seus projetos.
No nosso exemplo, do bentô cake, uma solução seria convidar alguém para investir no projeto, em troca da mão de obra e retorno de investimentos em porcentagens negociadas para cada parte.
7. Como ganhar tração?
Para ganhar tração no projeto, execute sua ideia usando estratégias de marketing digital para alcançar seu público-alvo e promover seu trabalho, sempre renovando a rede de contatos, incentivando indicações e registrando os trabalhos realizados.
Um bom exemplo de sucesso na economia criativa focada em gastronomia, temos a Dona Lúcia, proprietária do Manga Jambu em Belém, no estado do Pará. Ela já venceu 14 prêmios de gastronomia na capital paraense, dos quais sete foram a Estrela Azul de melhor comida popular da cidade.
Seu início foi em 1994 vendendo churrasquinho no mercado, e hoje tem sociedade com sua neta, expandindo recentemente seu restaurante, por meio de uma linha de crédito do Sebrae com o Banco do Estado do Pará, que apoia pequenos empreendedores.
Quais os retornos das iniciativas na economia criativa?
Até 2030, estima-se que um milhão de novos empregos sejam gerados pela economia criativa, conforme o levantamento feito pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), núcleo de inteligência e análise de dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Além disso, é importante destacar que, dentre os estabelecimentos da economia criativa no Brasil, 111,2 mil estão concentrados em micro e pequenas empresas, atrelados ao empreendedorismo, sendo 86.917 microempresas e 24.381 pequenas empresas.
As médias e grandes empresas representam menos de 6 mil desses estabelecimentos.
Com um olhar regional, 56.222 empresas criativas estão no Sudeste, 31.643 estão no Sul, 16.880 estão no Nordeste, 9.438 estão no Centro-Oeste e 2.939 estão no Norte, sendo que a categoria moda reúne o maior número de estabelecimentos (45.874), seguida por publicidade e serviços empresariais (20.871), serviços de tecnologia da informação (11.712), desenvolvimento de software e jogos digitais (9.771) e atividades artesanais (8.398).
Política de incentivo nacional
Dado o impacto da indústria criativa no Brasil, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 2.732/2022 que cria a Política Nacional de Desenvolvimento da Economia Criativa.
A Política prevê parcerias entre empresas e universidades para qualificação profissional; desenvolvimento de infraestrutura para as dinâmicas econômicas dos setores criativos; promoção e fortalecimento de ecossistemas de inovação em territórios criativos para o desenvolvimento local e regional, entre outras medidas; o que promete abrir ainda mais espaço para o capital criativo nacional expandir.
O exemplo da Gerando Falcões
A Rede Gerando Falcões é um ecossistema de desenvolvimento social que nasceu na favela, e atua com foco no combate à pobreza, por meio de programas e tecnologias sociais escaláveis e de alto impacto, como a Falcons University, Favela 3D, Decolagem e ASMARA; somando mais de 5.500 favelas alcançadas e 779 mil pessoas alca;cadas.
Neste projeto, a economia criativa também tem seu espaço. Na Favela Holding no Rio de Janeiro, por exemplo, assistida pela Gerando Falcões, Celso Athayde, criou 25 empresas interligadas que fomentam a economia: “São 17 milhões de pessoas que produzem 120 bilhões por ano. Representariam, se fossem um estado, o quarto mais populoso e mais rico do país”, destacou.
O serviço que executam tem como base a entrega de produtos Amazon e Natura. Além disso, também atuam na criação de agências de viagens e negócios em locais unicamente segmentados, fazendo com que haja mais consumo nas favelas brasileiras que em países como Paraguai e Bolívia juntos.
Conclusão
A economia criativa bebe diretamente da fonte da inovação, tanto para a criação e desenvolvimento de novos produtos, como para o crescimento do empreendedorismo, e até mesmo para desafiar o mercado de empresas estabelecidas fazendo com que elas inovem.
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