A economia verde é uma pauta que promove o crescimento sustentável, com atenção a transição energética, aos impactos ambientais e a qualidade de vida.
A economia verde, que começou como um sistema paralelo ao tradicional, está se tornando uma exigência para evitar a ruptura do sistema socioeconômico a nível global. Consumidores e empreendedores estão abraçando essa percepção, e isto se expressa em números claros.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em colaboração com o Instituto FSB, a sustentabilidade é um ponto de atenção para 94% dos empresários brasileiros. Entre as 500 empresas de maior porte avaliadas no estudo, 490 já adotaram pelo menos uma prática ligada à gestão de resíduos ou à redução do desperdício de água e energia.
Na outra ponta do mercado, 87% dos consumidores afirmam que tem preferência por produtos e serviços de empresas com práticas sustentáveis. A economia verde aproxima essas demandas, alinhando as preocupações das empresas e do público.
Conheça os princípios que sustentam esse conceito, o cenário atual do Brasil e as vantagens para uma empresa promove a economia verde. Siga a leitura.
O que é economia verde?
A economia verde é uma visão que se propõe a conciliar o desenvolvimento socioeconômico e a preservação ambiental. Ela proporciona uma resposta equilibrada aos desafios contemporâneos relacionados à sustentabilidade.
Esse conceito emergiu como uma resposta à crescente pressão sobre os ecossistemas globais, decorrente da exploração intensiva de recursos naturais.
A ideia central da economia verde é transformar os modelos tradicionais de produção, distribuição e consumo, incorporando princípios de eficiência e responsabilidade ambiental.
Ela busca não apenas mitigar os impactos negativos das atividades econômicas sobre o meio ambiente, mas também visa gerar benefícios econômicos e sociais sustentáveis a longo prazo.
A economia verde evoluiu desde que foi mencionada pela primeira vez, em 2008, incorporando novas abordagens e estratégias. O conceito teve origem no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e focava em pontos como energia renovável e gestão de resíduos.
Hoje, a ideia de uma economia verde abrange toda a cadeia produtiva, estimulando a inovação, o desenvolvimento de tecnologias limpas e a promoção de práticas sustentáveis em diferentes setores. Os pontos-chave dessa abordagem incluem:
- A promoção da eficiência no uso de recursos naturais;
- A redução das emissões de carbono;
- O estímulo à inovação verde;
- O fomento à inclusão social;
- A conscientização sobre a importância da preservação ambiental para o bem-estar coletivo.
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Quais os princípios da economia verde?
A economia verde se apoia em princípios que buscam redefinir a relação entre atividades econômicas e o meio ambiente. Eles representam estratégias-chave para enfrentar os desafios atuais.
1 – Mitigação
A mitigação refere-se às ações voltadas para a redução ou prevenção dos impactos negativos das atividades humanas sobre o meio ambiente.
No contexto da economia verde, isso implica a implementação de medidas que visam diminuir a pegada ambiental, como a adoção de fontes de renováveis, práticas agrícolas sustentáveis e a eficiência no uso de recursos naturais.
Mitigar ajuda a conter as emissões de gases de efeito estufa, preservar ecossistemas e minimizar a degradação ambiental, contribuindo para a construção de uma economia mais verde e equilibrada.
2 – Adaptação
A adaptação é a capacidade de se ajustar aos impactos já inevitáveis das mudanças climáticas e ambientais, como secas, enchentes e ondas de calor.
Na economia verde, a adaptação envolve estratégias que fortaleçam a capacidade dos sistemas econômicos e sociais diante das transformações ambientais.
Ela pode incluir práticas agrícolas mais adaptáveis às condições climáticas variáveis, infraestruturas resilientes, e desenvolvimento de tecnologias que ajudem as comunidades a enfrentar os desafios decorrentes das mudanças ambientais.
3 – Sustentabilidade
A sustentabilidade é um princípio central na economia verde, atendendo às necessidades de hoje sem comprometer as gerações futuras no suprimento das próprias demandas.
Esse princípio envolve o equilíbrio entre aspectos econômicos, sociais e ambientais, assegurando que as atividades econômicas sejam conduzidas de maneira a preservar os recursos naturais e a biodiversidade.
Adotar práticas sustentáveis implica, por exemplo, na gestão responsável dos recursos, incentivo à reciclagem, redução do desperdício e promoção de cadeias produtivas éticas e transparentes.
4 – Tecnologias limpas e renováveis
A incorporação de tecnologias limpas e renováveis é um elemento crucial na economia verde. Ela visa a transição de tecnologias que dependem intensamente de recursos não renováveis e poluentes para alternativas mais limpas, eficientes e baseadas em energias renováveis.
Investir em inovações tecnológicas que reduzam a emissão de poluentes, promovam a eficiência energética e utilizem recursos de forma sustentável é essencial para alinhar as empresas econômicas com os princípios da economia verde.
5 – Bioeconomia
A bioeconomia é um pilar fundamental da economia verde, introduzindo uma abordagem que valoriza e utiliza de maneira sustentável os recursos biológicos.
Isso inclui a exploração responsável da biodiversidade, a promoção de práticas agrícolas sustentáveis e o estímulo ao desenvolvimento de setores que se baseiam em recursos biológicos renováveis.
A bioeconomia busca integrar os princípios da economia verde com as potencialidades dos ecossistemas, promovendo a utilização eficiente e equitativa dos recursos naturais, sem comprometer a integridade dos sistemas biológicos.
6 – Serviços ambientais
Os serviços ambientais representam uma perspectiva inovadora na economia verde, reconhecendo que os ecossistemas fornecem benefícios essenciais para a sociedade. Alguns exemplos são purificação da água, polinização de cultivos, regulação do clima, entre outros.
A economia verde valoriza a preservação e restauração dos ecossistemas como uma estratégia fundamental para garantir a continuidade desses serviços ambientais.
Reconhecer e quantificar o valor dos serviços ambientais promove a conscientização sobre a interdependência entre a atividade humana e a saúde dos ecossistemas, incentivando práticas que conservem e restaurem a natureza.
Qual o objetivo da economia verde?
A economia verde tem como principal objetivo conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental e a promoção do bem-estar social. Na prática, essa busca se traduz em estratégias mais específicas, como, por exemplo:
- Conservar e recuperar os ecossistemas: a saúde dos ecossistemas é fundamental para o funcionamento do planeta e para o bem-estar humano. A economia verde, portanto, promove práticas que evitem a degradação ambiental e buscam a recuperação de áreas impactadas;
- Eficiência no uso de recursos: a economia verde propõe uma gestão mais responsável dos recursos naturais, reduzindo o desperdício e minimizando o impacto ambiental das atividades econômicas.
- Inovação e tecnologias sustentáveis: a inovação é essencial para enfrentar os desafios ambientais e sociais, impulsionando setores que contribuam na transição para uma economia mais verde. Ela é a base para a criação de tecnologias e processos mais sustentáveis;
- Promover a justiça social: a economia verde não se limita à dimensão ambiental; e também busca promover a justiça social. Garantir que os benefícios econômicos e ambientais sejam distribuídos de maneira equitativa envolve considerar os impactos nas comunidades locais, promovendo a inclusão social e a redução das desigualdades.
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Cenário da economia verde no Brasil
Contextualizando, podemos afirmar que à medida que houve um crescimento da população, da urbanização e do acesso a serviços básicos, a demanda por novas soluções também experimentou uma ascensão.
Essa expansão, muitas vezes, ocorreu às custas de recursos naturais, especialmente terra, água e minerais, desafiando os ecossistemas em níveis preocupantes.
Este é o cenário da economia marrom, que causa impactos severos nos recursos ambientais. Em contraponto, a economia verde emerge, justamente, para mudar essa realidade.
O Brasil está diante de desafios e oportunidades para ocupar um lugar central na economia verde. As mudanças em grandes players, como o mercado europeu através da política de Green Deal, já impactam vários negócios brasileiros.
As mesmas transições, no entanto, abrem caminho para que o país tenha acesso a financiamentos para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de projetos sustentáveis. Além disso, caso se adeque às políticas internacionais, o Brasil pode ser o principal fornecedor destes mercados.
Marco Antônio Raupp, então Ministro da Ciência e Tecnologia, chegou a afirmar que
“O potencial de biodiversidade, os avanços sociais e a matriz energética brasileira permitem ao Brasil uma transição rápida e segura para a economia verde inclusiva.”
O país já responde por 10% dos empregos ligados à energia renovável no mundo. O Brasil ocupa a segunda colocação em pessoas ocupadas na indústria de biocombustíveis, solar, hidrelétrica e eólica, perdendo apenas para a China – que tem uma população sete vezes maior.
Na agricultura, práticas sustentáveis já vêm sendo adotadas com sucesso. Alguns exemplos são a utilização de biomassa para energia renovável, a fixação biológica de nitrogênio e o controle biológico de pragas.
Modelos sustentáveis de uso da terra, como a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), também são destaque.
Além disso, a extração sustentável na Amazônia Legal é um setor de amplo crescimento. Itens como a castanha-do-pará e o açaí já movimentam centenas de milhões de reais, e são acompanhados por produtos como pequi, buriti, carnaúba, guaraná, babaçu, palmito, piaçava e látex.
Caso os governos e negócios nacionais mantenham os acertos atuais e realizem os ajustes necessários, a economia verde como um todo ainda pode gerar 7,1 milhões de empregos até 2030 e trazer um acréscimo de R$ 2,8 trilhões ao PIB brasileiro.
Principais vantagens da economia verde
Além dos benefícios claros para a sociedade e o meio ambiente, a economia verde também exerce um impacto positivo nas empresas que se aproximam dela.
- Reputação: a sociedade moderna valoriza organizações engajadas em causas ambientais e sociais, conferindo a elas uma vantagem competitiva. Empresas comprometidas com práticas sustentáveis ganham uma reputação positiva perante consumidores, investidores e parceiros;
- Exigências regulatórias: a crescente preocupação global com questões ambientais levou a um aumento rápido nas regulamentações relacionadas à sustentabilidade. Investir na economia verde permite que as empresas estejam em conformidade com as normas vigentes, evitando penalidades e entrando em diferentes mercados;
- Redução de custos: a adoção de práticas sustentáveis muitas vezes resulta em eficiência operacional e, consequentemente, na redução de custos. A otimização no uso de recursos naturais, a eficiência energética e a gestão responsável de resíduos contribuem para uma operação mais econômica;
- Produtividade: ambientes de trabalho mais sustentáveis tendem a promover a satisfação dos colaboradores e a atrair talentos comprometidos com valores éticos e ambientais. Tais fatores, por sua vez, resultam em maior produtividade e inovação.
Conclusão
A economia verde é uma resposta para desafios que entrelaçam questões sociais, ambientais e econômicas. Ao conhecer os pilares e objetivos desse conceito, fica evidente que a sustentabilidade não é mais uma opção para as empresas que buscam prosperar.
O Brasil, rico em recursos naturais, tem potencial para se destacar entre as principais nações da economia verde. Essa possibilidade favorece as empresas nacionais, mas é preciso se diferenciar para atrair os investimentos e negócios disponíveis ao redor do mundo.
A inovação é um elemento central para essa transição, promovendo a criação de novos produtos, a transição energética, a gestão de resíduos, e diversas outras práticas da economia verde. Ela permite que as empresas atendam aos requisitos socioambientais, sem perder de vista o crescimento financeiro.
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