As empresas vêm reconhecendo que inovar e adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado é essencial para a sua longevidade. Para otimizar os vários aspectos de um negócio, no entanto, a capacidade empreendedora de uma ou de poucas lideranças não é o bastante.
O intraempreendedorismo é uma forma de preencher essa lacuna, oferecendo espaço e recursos para que todos os profissionais de uma organização contribuam com o seu desenvolvimento. Dessa forma, um colaborador pode se tornar um intraempreendedor, ou empreendedor corporativo.
Parece algo simples, mas o tema levanta questões. Qual a diferença de empreendedorismo e intraempreendedorismo? Quais os seus benefícios? E como estimular esse conceito na prática?
Confira a resposta para essas e outras dúvidas a respeito do intraempreendedorismo neste artigo. Siga a leitura.
Qual a diferença entre empreendedorismo e intraempreendedorismo?
Quando alguém se depara com o assunto, a pergunta mais comum é sobre qual a diferença entre empreendedorismo e intraempreendedorismo. Os dois conceitos, no entanto, partem de lugares muito parecidos, e guardam semelhanças importantes.
Ambos compartilham a inovação como objetivo central e se apoiam em recursos como a criatividade e a experimentação para atingir os resultados esperados.
Empreendedores e intraempreendedores são movidos pela vontade de transformar ideias inovadoras em realidade, enfrentando desafios e explorando oportunidades para criar valor.
A principal diferença entre empreendedorismo e intraempreendedorismo, na prática, é o escopo de atuação. O empreendedorismo tradicional envolve a criação de novos negócios, enquanto o intraempreendedorismo (ou empreendedorismo corporativo) ocorre dentro de empresas já estabelecidas.
O empreendedorismo parece acompanhar a humanidade desde o princípio, com a reunião de grupos para caçar coletivamente ou o desenvolvimento de ferramentas como exemplos.
Já o intraempreendedorismo é um conceito mais recente, popularizado pelo trabalho de Gifford Pinchot III nos anos 1980.
Ele reconheceu o valor das contribuições feitas pelos profissionais de uma organização, alinhando suas ideias no livro “Intrapreneuring: Why you don’t have to leave the corporation to become an entrepreneur” (1985).
Desde então, o tema foi aprofundado, e a diferença de empreendedorismo e intraempreendedorismo ganhou novas sutilezas.
Leia mais:
Como estruturar um Programa de Intraempreendedorismo?
Prêmio de Intraempreendedorismo 2024 – AEVO
O que é empreendedorismo?
Empreendedorismo é o processo de identificar oportunidades de mercado e transformá-las em negócios inovadores.
Quem empreende assume os riscos e responsabilidades associados ao lançamento e desenvolvimento de novos produtos ou serviços.
Empreender envolve criar, organizar e gerenciar um negócio.
A tarefa passa por buscar constantemente maneiras de agregar valor e satisfazer as necessidades dos clientes, enquanto se responde às incertezas e desafios do mercado.
Características do empreendedorismo
Soluções em favor do próprio negócio: os empreendedores são motivados pela identificação de problemas e oportunidades no mercado. Eles desenvolvem soluções inovadoras que visam atender às necessidades dos clientes e criar valor.
Capital próprio ou levantado com terceiros: empreendedores frequentemente investem seu dinheiro ou buscam financiamento de terceiros, como investidores-anjo, capital de risco e empréstimos.
Criação de uma equipe: empreendedores bem-sucedidos precisam construir uma equipe talentosa e dedicada. Eles recrutam e gerenciam indivíduos com habilidades complementares, criando uma equipe coesa que colabora para alcançar os objetivos do negócio.
Estabelecimento de uma estrutura: desde o início, os empreendedores definem a estrutura organizacional de seus negócios, com processos, sistemas e hierarquias. Eles também são responsáveis por encontrar um local, ferramentas, energia, matéria-prima, e assim por diante.
Risco financeiro elevado: investir capital em novos negócios gera riscos, com a possibilidade de perdas financeiras se o empreendimento não tiver sucesso.
Grande poder de ação no negócio: os empreendedores conduzem o negócio, mantendo um controle elevado sobre suas empresas. Cabe a eles tomar decisões estratégicas, desde o desenvolvimento de produtos até as ações de marketing e vendas.
Afinal, o que é intraempreendedorismo?
Intraempreendedorismo é a prática de aplicar habilidades, atitudes e estratégias empreendedoras dentro de uma organização estabelecida.
Ocorre quando a empresa permite que os funcionários identifiquem oportunidades e desenvolvam inovações que agreguem valor ao negócio.
Os intraempreendedores são agentes internos de mudança, impulsionando a inovação e a eficiência sem precisar sair do ambiente corporativo. Eles aproveitam os recursos, a infraestrutura e o suporte financeiro da organização para desenvolver seus projetos.
Se você quer entender melhor esse conceito e ter exemplos práticos, confira o vídeo elaborado pelo Diretor de Marketing e Vendas da AEVO, Alexandre Pagung, abaixo:

Características do intraempreendedorismo

O intraempreendedor foca em questões como o desenvolvimento de tecnologias, a implementação de modelos mais eficientes ou a reestruturação de processos e ambientes de trabalho.
Ideias e soluções para a empresa em que trabalha: Ao contrário dos empreendedores que criam novos negócios, os intraempreendedores concentram seus esforços em gerar ideias e soluções benéficas à organização na qual estão inseridos.
Capital e estrutura da empresa: Uma das principais vantagens do intraempreendedorismo é a utilização do capital e da infraestrutura já existentes na empresa.
Trabalho colaborativo com a equipe: O sucesso dos projetos intraempreendedores depende significativamente da colaboração e do trabalho em equipe.
Risco diluído: Os custos e os recursos necessários para implementar inovações são absorvidos pela empresa. Além disso, as ferramentas e recursos muitas vezes já estão disponíveis, e só precisam ser direcionados às novas propostas.
Dependente da cultura organizacional: A eficácia do intraempreendedorismo está muito ligada à cultura da empresa. Uma cultura que valoriza a inovação, a experimentação e a tomada de riscos calculados é essencial para seus resultados. Sem o apoio da liderança e um ambiente propício, as ideias podem não se desenvolver plenamente.
Como o intraempreendedorismo e o empreendedorismo contribuem para o mercado?
Tanto o intraempreendedorismo quanto o empreendedorismo contribuem para estimular o mercado, trazendo benefícios significativos para colaboradores, empresas e a sociedade.
Ao fomentar a inovação e a criação de novos produtos e serviços, essas práticas impulsionam o crescimento econômico, promovem a competitividade e melhoram a qualidade de vida das pessoas.
Para os colaboradores, o intraempreendedorismo proporciona um ambiente onde eles podem desenvolver suas habilidades e talentos.
Assumir projetos inovadores e contribuir para o sucesso da empresa não só aumenta sua satisfação, como também abre oportunidades de crescimento e reconhecimento profissional.
Para as empresas, empreendedorismo e intraempreendedorismo são fontes essenciais de inovação. Enquanto os empreendedores criam e fortalecem negócios, os intraempreendedores elevam o espírito inovador das organizações, ajudando a otimizar processos, melhorar produtos e desenvolver novas ofertas que podem levar a vantagens importantes.
A economia e a sociedade também ganham, já que os resultados da inovação resolvem problemas dos consumidores e promovem o desenvolvimento sustentável.
Além disso, empreender – em organizações novas ou estabelecidas – aumenta a oferta de empregos e estimula o crescimento econômico.
Como construir um programa de intraempreendedorismo?
Um programa de intraempreendedorismo eficaz vai além de iniciativas isoladas.
Atividades como hackathons, brainstorms e projetos intersetoriais são fundamentais para incentivar o desenvolvimento de novas soluções, mas para dar um passo mais largo é importante adotar uma abordagem mais abrangente.
A AEVO desenvolveu o Canvas do Intraempreendedorismo com esse objetivo em mente. A metodologia, baseada nas experiências de clientes e nas melhores práticas em vigor ao redor do mundo, é composta por três pilares:
Estratégia
O primeiro momento foca em definir qual o valor de um programa de intraempreendedorismo para o negócio.
A empresa irá estabelecer metas específicas e indicadores de desempenho que possam ser monitorados e avaliados ao longo do tempo. A clareza estratégica garante que todos os esforços estejam alinhados com seus objetivos mais amplos.
Engajamento e mudança
Estabelecer uma cultura de intraempreendedorismo pede ações para engajar os colaboradores e promover uma mudança comportamental em direção à inovação constante.
Adaptando as quatro alavancas para mudança, desenvolvidas pela McKinsey, este pilar incorpora os seguintes elementos:
- Conscientização: educar sobre a importância da inovação e como os profissionais podem contribuir;
- Reforço: implementar sistemas que reforcem comportamentos inovadores através de reconhecimento e recompensas;
- Modelos: promover líderes e exemplos internos que sirvam de inspiração e modelo de comportamento inovador;
- Competências: desenvolver habilidades e conhecimentos necessários para a inovação através de treinamentos e capacitações.
Capacidade de execução
Quando os colaboradores percebem que as propostas não são implementadas, o engajamento pode diminuir.
Nesse sentido, a implementação efetiva é o que vai garantir o sucesso do programa no longo prazo. O Canvas do Intraempreendedorismo aborda essa questão separando as ideias enviadas em dois grupos:
Ideias simples: exigem poucos recursos e podem ser implementadas rapidamente. A orientação é colocá-las em prática com o mínimo de burocracia e garantir que as pequenas inovações sejam ágeis;
Ideias complexas: tem um impacto maior na empresa, dependendo de mais pessoas e recursos para acontecer. Elas vão passar por uma estrutura de avaliação, como os Comitês de Inovação, para priorizar e desenvolver as iniciativas mais estratégicas.
Iniciativas para impulsionar o intraempreendedorismo no Brasil
O intraempreendedorismo está ganhando cada vez mais atenção no cenário nacional. Diversas iniciativas têm sido implementadas para fomentar a prática, permitindo que empresas de diferentes setores aproveitem o potencial criativo de seus colaboradores.
Programas de aceleração corporativa
Grandes empresas estão adotando programas de aceleração corporativa, que funcionam como incubadoras internas para ideias inovadoras.
Eles fornecem recursos, mentoria e suporte para os funcionários desenvolverem e testarem suas ideias dentro da estrutura da empresa. Um exemplo é o InovaBra, do Bradesco, que apoia projetos dentro e fora da organização.
Prêmio de Intraempreendedorismo AEVO
A AEVO lançou a primeira premiação nacional com foco em intraempreendedorismo, e uma nova edição está acontecendo em 2024.
A ideia é reconhecer empresas e profissionais que se destacam no incentivo e prática da inovação no Brasil. A primeira edição, em 2023, premiou organizações como Ambev, Dexco e Belgo Bekaert por suas iniciativas.

Programas de Financiamento
Existem diversos programas de financiamento voltados para impulsionar a inovação e o empreendedorismo nacional, como o FINEP Mais Inovação e o BNDES Mais Inovação.
Eles oferecem recursos financeiros e suporte para que as empresas possam desenvolver projetos inovadores, contribuindo para o crescimento econômico e a competitividade no mercado.
Conclusão
Entender a diferença de empreendedorismo e intraempreendedorismo abre caminho para elevar a maturidade em inovação nas empresas.
Fica claro como investir no intraempreendedorismo não é apenas uma estratégia inteligente, mas uma necessidade para manter a competitividade dos negócios.
Uma abordagem séria para incentivar essa prática deve estar entre os principais objetivos de qualquer organização. Como referência em Gestão da Inovação e Estratégia, a AEVO oferece recursos importantes para apoiar as organizações parceiras nessa jornada.
A plataforma com ferramentas para geração de ideias, condução de projetos e otimização de resultados, aliada à consultoria especializada no tema, permite que as empresas desenvolvam estratégias claras, engajem os colaboradores e executem suas iniciativas com eficácia.