O empreendedorismo social é onde o desejo de mudança e as ações inovadoras, características inerentes do empreendedor, podem ser aplicadas na transformação de realidades consideradas injustas e problemáticas.
Apesar de ter crescido nas últimas décadas, esse modelo de empreendedorismo ainda é relativamente desconhecido e, por falta de informação, quem deseja atuar na área pode encontrar dificuldades para que seu projeto tenha sucesso.
Nesse artigo trazemos uma visão completa sobre o empreendedorismo social e as suas caraterísticas, com dados concretos e exemplos inspiradores que vão ajudar você a tirar sua ideia do papel e levá-la até quem mais precisa.
O que é o empreendedorismo social?
Existem diversas razões para alguém se lançar no empreendedorismo, que podem incluir o lucro, a busca por uma tecnologia mais avançada ou, no caso do empreendedorismo social, a transformação em algum aspecto da sociedade.
Seu pilar central é o desejo de reduzir ou acabar com problemas que o empreendedor considera importantes.
O empreendedorismo social utiliza ferramentas e metodologias inovadoras para combinar esse propósito com uma captação e aplicação eficiente de recursos, permitindo que a organização possa atuar sem depender de doações constantes.
As iniciativas mais comuns atuam para minimizar lacunas no acesso à educação, saúde, emprego ou recursos financeiros, assim como na preservação ambiental, embora existam outras áreas onde vemos uma aplicação crescente do empreendedorismo social.
Características do empreendedorismo social
Por unir dois conceitos amplos, é importante avaliar nas características do empreendedorismo social, quais as diferenças em relação a outros modelos de empreendedorismo, assim como em relação a outras categorias de projetos sociais.
Enquanto o empreendedorismo “tradicional” está quase sempre voltado para construir ou manter organizações lucrativas, o empreendedorismo social prioriza seu impacto na comunidade, embora a possibilidade de lucro não esteja excluída.
Por outro lado, iniciativas sociais como ONGs e Fundações são mantidas por assistência governamental, doações ou fundos, já um empreendimento social busca, ao menos em certa medida, caminhar com as próprias pernas. Receber ajuda externa pode fazer parte dos planos, mas não deve ser necessário para a sua sobrevivência.
De forma simplificada, podemos afirmar que o empreendedorismo social percorre um ciclo, iniciado pela identificação de uma situação estável e injusta, na visão coletiva ou na do empreendedor.
Ocorre então, a implementação de uma iniciativa que causa instabilidade, ou um processo de mudança, terminando na criação de uma nova situação estável, um pouco mais justa – caso o empreendimento tenha algum grau de sucesso. Esse é o ponto de partida para um novo ciclo.
Os impactos do empreendedorismo social
A visão do empreendedorismo social busca conduzir mudanças profundas, capazes de transformar no longo prazo a realidade das áreas atingidas.
Ações como a entrega de brinquedos no dia das crianças ou natal em um bairro vulnerável, por exemplo, não costumam ser pensadas enquanto empreendedorismo social, já que seu impacto é passageiro, e embora seja positivo, não muda a situação da localidade.
Nesse caso, o estabelecimento de uma pequena fábrica de brinquedos, onde parte da produção é vendida e gera renda para as famílias do bairro, enquanto o restante é distribuído para as crianças da região, seria um exemplo de empreendedorismo social.
Segundo um relatório da Fundação Schwab, referência no apoio a projetos da área, as iniciativas de empreendedorismo social investiram US$ 6, 7 bilhões globalmente, gerando um impacto positivo na vida de 622 milhões de pessoas ao redor do mundo.
Apenas no campo educacional, o mais impactado, 226 milhões de pessoas foram contempladas, ganhando acesso a oportunidades que permitiram o abandono da pobreza e a melhoria coletiva das áreas onde vivem.
O relatório completo detalha os impactos do empreendedorismo social nas mais diversas áreas, a exemplo de:
- Tratamento contra o HIV para 11 milhões de pessoas
- Energia solar para 100 milhões de pessoas
- 192 milhões de toneladas de CO2 removidas da atmosfera
Como começar no empreendedorismo social?
O Brasil aparece entre as 10 nações com maior atuação de empreendedores sociais, ao lado de outros países em desenvolvimento, como México, Índia, Nigéria e África do Sul.
A nossa recente industrialização, somada à diversidade das áreas onde o empreendedorismo social é necessário – ambiente, desigualdade econômica, saúde, educação, emprego, moradia… – fazem com que o país seja um terreno fértil para o surgimento desses projet o s.
Os primeiros passos para quem pretende atuar na área são:
- Definir com clareza o problema que deseja solucionar;
- Definir os critérios de atuação (quem poderá ser beneficiado pelo projeto);
- Organizar uma equipe multidisciplinar e bem capacitada;
- Estabelecer um modelo para a obtenção de renda;
- Buscar parcerias com outros projetos sociais, empresas e órgãos governamentais;
Exemplos de empreendedorismo social
Com estes casos de sucesso, você poderá ver na prática algumas referências de empreendedorismo social e ganhar insights para construir a sua própria iniciativa.
OneWorld Health | Victoria Hale
O OneWorld Health, fundado em 2000, é considerado a primeira companhia farmacêutica sem fins lucrativos nos EUA. Sua criadora, Victoria Hale, é uma cientista farmacêutica que entrou no empreendedorismo social após questionar a dinâmica das empresas no setor.
Estas não investiam em remédios para doenças infecciosas que causam epidemias nos países pobres, mesmo possuindo patentes, pois as pessoas afetadas não tem condições para comprar os medicamentos.
ProLíder | Wellington Vitorino
Exemplo brasileiro, o ProLíder oferece treinamento e networking com o objetivo de formar líderes capazes de conduzir mudanças nos setores público e privado. O programa levou Wellington Vitorino à lista “Under 30” da Forbes, ao lado de outros jovens que estão redefinindo o que é o empreendedorismo no país.
Seu curso principal chegou a ter 260 inscritos disputando cada vaga em 2019. A iniciativa busca levar o empreendedorismo social adiante, e afirma que os participantes aprovados devem ter vontade de contribuir concretamente para a sociedade brasileira, com foco na criação de negócios transformadores.
Grameen Bank | Muhammad Yunus
Não há como discutir o empreendedorismo social sem falar sobre o Grameen Bank, projeto que concedeu um Prêmio Nobel da Paz ao economista Muhammad Yunus, de Bangladesh.
Ele fundou um banco nos anos 1970, concedendo empréstimos a juros baixos para a população mais pobre abrir negócios pelo país. Seu principal desafio foi convencer os investidores de que o risco de inadimplência seria baixo.
Yunus concedeu empréstimos do próprio bolso, na casa dos 25 dólares, para mulheres de uma vila comprarem ferramentas de trabalho, e todas as parcelas foram pagas. Até 2018, o Grameen emprestou US$ 26, 5 bilhões ao redor do mundo, com adimplência de 97%, acima de muitos bancos tradicionais.
Conclusão
Mais do que um conjunto de iniciativas isoladas, o empreendedorismo social é um movimento sólido que ganha força a cada ano, e tem muito espaço para crescer em países como o Brasil.
Para ter sucesso, o empreendedor social precisa de colaboradores, recursos e ferramentas com qualidade, como o AEVO Innovate, software que possibilita organizar, estruturar e implementar ideias de modo eficiente, permitindo que a sua visão crie uma mudança real na vida das pessoas e lugares impactados.
2 comentários
Gostei muito dessa matéria .Sou mobilizador Social .meu sonho me tornar um empreendedor social
Artigo com muita clareza. Parabéns.