O trabalho não é uma realidade fixa. Ele muda com o tempo, acompanhando outras mudanças importantes nas relações sociais, familiares, no consumo, nos hábitos de vida. Por isso, qualquer empresa que quer aproveitar bem seus recursos humanos ou gestor de RH que quer fazer a diferença precisam estar atentos às tendências do futuro do trabalho. E, no momento, a principal tendência é a flexibilização do trabalho.
Com o uso de tecnologias, o trabalho pode ser realizado de maneira diferente do formato ao qual estamos acostumados. O emprego fixo, presencial, das 8h às 17h, de segunda a sexta, não é mais a única opção. Agora, com a ajuda das ferramentas certas, é possível trabalhar em horários diferenciados; longe do escritório; até mesmo sem vínculo trabalhista.
De fato, a tecnologia disponível já permite que os profissionais otimizem seu trabalho, sejam mais produtivos e ganhem tempo; e, junto com o tempo, mais qualidade de vida. Por que isso ainda não acontece? Principalmente por causa da própria relutância dos profissionais em explorar as oportunidades da flexibilização do trabalho. Porém, essa relutância em mudar aos poucos dá espaço para um desejo de alcançar o equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal, e os profissionais das gerações Y e Z estão mais abertos a relações de trabalho flexíveis.
Nesse post, você verá como é a flexibilização do trabalho hoje e como ela pode evoluir no futuro. Também vai descobrir qual é a posição das empresas nesse cenário.
Cenário atual da flexibilização do trabalho
O cenário atual da flexibilização do trabalho, embora ainda seja relativamente tímido, aponta para uma realidade inevitável: vão ocorrer mudanças e o futuro do trabalho trará ainda mais força para essa tendência. Isso porque alguns dos entraves mais fortes que a seguram estão caindo.
O primeiro entrave é o intervencionismo do governo sobre as relações trabalhistas. Com as mudanças mais recentes na legislação, essa intervenção foi reduzida, abrindo espaço para que as partes — empresa e profissionais — acertem suas próprias condições.
O segundo entrave é, como já foi mencionado, a relutância dos próprios profissionais em adotar modelos de trabalho diferentes do tradicional. O modelo tradicional privilegia uma sensação de segurança e estabilidade, que era o valor mais importante para Baby Boomers e para a Geração X. Porém, as Gerações Y e Z valorizam em igual medida o equilíbrio, a qualidade de vida. Assim, conforme esses jovens profissionais passam a compor maioria no mercado, a busca por flexibilização do trabalho aumenta.
Hoje, a flexibilização que encontramos ainda é superficial. É o home office ocasional, embora o colaborador ainda precise comparecer à empresa em muitas ocasiões. É a autorização para cumprir horários diferenciados, porém, ainda com uma expectativa de “carga horária”. No geral, então, vemos que muitas empresas não conseguem desvincular a noção de produtividade de certos critérios que, na verdade, não garantem a eficiência e nem a qualidade do trabalho.
Flexibilização no futuro do trabalho
Então, como pode ser o trabalho daqui a uma ou duas décadas? Qual é o tipo de flexibilização do qual estamos falando? Bem, a questão vai muito além do trabalho em home office e dos horários diferenciados. Trata-se de uma desvinculação completa dos profissionais em relação ao conceito de “local de trabalho”. O que nós veremos é o fortalecimento de uma categoria nova: os nômades digitais.
Nômades digitais são pessoas que não possuem um endereço físico; eles vivem com o pé na estrada, e o trabalho é um aspecto complementar desse estilo de vida. Eles podem trabalhar para se manter viajando, ou viajar por causa do seu trabalho. A flexibilização é total: em uma certa semana, eles desenvolvem seu trabalho nos EUA; na outra, estão em Cingapura; na outra, alguma parte da Rússia. E o que possibilita isso é algo a que todos nós temos acesso, uma simples conexão de internet.
Caso você esteja se perguntando, os nômades digitais não são necessariamente profissionais que ganham um salário altíssimo. De fato, o que eles priorizam é o estilo de vida; então, eles podem trocar a chance de ganhar um bom salário em um emprego tradicional por um salário mais modesto em um trabalho que garante sua liberdade.
Outra coisa que você precisa saber é que existe uma relação forte entre ser um nômade digital e ser um empreendedor. Isso não quer dizer que todos os nômades precisam abrir seu próprio negócio; o que importa é a atitude empreendedora. No fundo, é ela que permite que esses indivíduos encontrem oportunidades de trabalho em que a maioria das pessoas nunca ia pensar.
Para completar, vale a pena dizer que o futuro do trabalho permite que os profissionais atinjam sua máxima produtividade, atingindo suas metas sem precisar dedicar oito (ou nove, ou dez) horas por dia ao trabalho. Com isso, eles podem diversificar suas atividades, seus interesses. A diversificação permite que eles aprendam e adquiram novas habilidades e competências; o que, por sua vez, faz com que eles desempenhem seu trabalho ainda melhor.
Papel da empresa e do colaborador neste cenário
Será que isso quer dizer que o vínculo entre colaborador e empresa acabou? Certamente que não. Ele apenas muda, e a questão reside em como as empresas vão se adaptar a essa tendência de flexibilização do trabalho. Você pode incentivar uma transição gradual entre os seus colaboradores ou, ainda, abrir as portas da organização para parcerias com profissionais que já vivem a nova realidade.
Em um primeiro momento, a flexibilização do trabalho causa receio entre os gestores, porque significa abrir mão de certos tipos de controle. Porém, ela traz inúmeras vantagens, desde a redução de custos até o aumento da competitividade da empresa. Aliás, oferecer um modelo flexibilizado torna a organização mais “atraente” para os talentos, ajudando a formar uma equipe de alta performance.
Uma boa consequência da flexibilização é que ela acaba incentivando o intraempreendedorismo. Na verdade, quando um colaborador se encontra em condições mais flexíveis, longe de um gestor que guie todos os seus movimentos, ele precisa estar atento ao que acontece e tomar a iniciativa. Precisa gerar suas próprias ideias, a partir das oportunidades que identifica, e agir para concretizá-las. Do contrário, se esse colaborador estiver sempre aguardando instruções e autorização da empresa, o trabalho não flui.
Aliás, vale a pena dizer que a flexibilização do trabalho abre portas para que os colaboradores sejam mais criativos. Longe das quatro paredes e do relógio-ponto, tendo contato com outras pessoas e observando o mundo real, eles podem chegar a ideias que não surgiriam naturalmente dentro do escritório. Às vezes, essa mudança de perspectiva é o que falta para que sua equipe seja muito mais inovadora.
E, por falar em intraempreendedorismo , você conhece a importância de encontrar esse traço nos seus colaboradores? Se a questão ainda é meio confusa para você, aproveite para descobrir como e porque estimulá-lo na empresa!