Os 3 Horizontes de Inovação da Mckinsey: o que são e quanto investir em cada um?

Aprenda a utilizar os 3 Horizontes de Inovação da Mckinsey para planejar o seu portfólio de inovações em curto, médio e longo prazo.

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Os 3 Horizontes de Inovação da Mckinsey&Company foram desenvolvidos com base em uma pesquisa de mercado, envolvendo empresas de 10 segmentos diferentes. O resultado dessa imersão é um framework simples, porém eficaz, que vai te auxiliar a ter uma visão mais estratégica dos investimentos em inovações de curto e longo prazo.

O artigo de hoje é dedicado a ajudar os gestores de inovação que querem construir um portfólio de projetos de inovação bem estruturado, com base em estratégias de curto prazo ( exploitation) e estratégias de longo prazo ( exploration).

O balanceamento de inovações de sustentação ( exploitation) e inovações de crescimento ( exploration), se chama Ambidestria Organizacional e, caso esse termo seja novo para você, confere o artigo que preparamos sobre o tema:

Ambidestria Organizacional: como balancear as inovações do presente e futuro? 

O que são os 3 horizontes de inovação

Pensando em dar aos gestores e executivos do mundo todo um motivo a mais para resgatarem suas merecidas noites de sono, a McKinsey&Company criou as três dimensões que o gestor deve ter em mente para promover o crescimento do negócio de maneira consistente ao longo do tempo.

O framework foi lançado no livro “Alquimia do Crescimento”, em 1999, ou seja, já é um conceito bem antigo e já foi amplamente incorporado para auxiliar as organizações a garantirem o balanceamento entre inovações de curto de longo prazo ( ambidestria organizacional ).

A representação dos horizontes de inovação é feita em um gráfico com dois eixos: o eixo vertical, do crescimento; e o eixo horizontal, do tempo:

horizonte de inovação

Quais são os horizontes de inovação?

Horizonte de inovação 1: Core Business

No Horizonte 1 nós precisamos cuidar muito bem das nossas vacas leiteiras , ou seja, aprimorar e/ou otimizar produtos e processos que estão diretamente ligados ao core business da minha empresa e que são atualmente a minha maior fonte de receita.

Já ouviu falar que em time que está ganhando não se mexe? Pois é, esqueça completamente esse pensamento! Afinal, não dá para inovar fazendo mais do mesmo, correto? 

Empresas como a Scholle IPN , Ambev , Aeris Energy e Aviva são excelentes exemplos de como mexer em “time que está ganhando” traz resultados incríveis.

Todas essas organizações utilizaram o Programa de Ideias para trazer seus colaboradores para o centro do protagonismo corporativo, uma vez que essas pessoas estão a frente dos processos, serviços e produtos que representam o core business da empresa e que, sem dúvidas, sabem melhor do que ninguém como resolver problemas e criar novas soluções.

Veja também: O que é o Programa de Ideias?

Para o Horizonte 1, nós temos o exemplo da BIC. Sabe a caneta que todo mundo conhece? Ela está há décadas no mercado e, ainda hoje, é uma campeã de vendas em todo o mundo. 

Provavelmente você pode estar pensando que a caneta BIC é um produto tão incrível, que mesmo ao longo dos anos ela continua sendo imbatível.

Mas a verdade é que houve muito trabalho na evolução desse produto ao longo das décadas, que permitiu que ela se tornasse mais confortável, leve, resistente e segura – tudo para que hoje você consiga ir a uma papelaria e comprar a sua unidade.

Horizonte de inovação 2: Novos negócios emergentes

No Horizonte 2 o foco é explorar novas oportunidades de negócios, mas que sejam uma extensão direta do carro-chefe da sua organização.

Exemplo: lançar um novo produto ou expandir para um novo mercado. Aqui nós estamos falando da empresa aproveitar competências que ela tem e dar um passo em um mercado que ela não explorou inicialmente.

A inovação nesse horizonte não é muito arriscada, porque parte de algo que a empresa já faz, já conhece, e desenvolve a partir disso. O investimento nesse horizonte tende a ser alto, pois a promessa de retorno também é.

Como exemplo podemos pensar no Uber Eats, que é o aproveitamento do mercado adjacente da própria Uber.

Não entendeu? Nós explicamos: a empresa já está consolidada em um mercado de transporte, então entrar no mercado de delivery de comida faz todo sentido, já que ela já domina o transporte.

A estratégia da Uber é incorporar os mercados que estão próximos ao seu core business, transformando produtos com baixo market share, localizados em um mercado em alto crescimento (Apostas), em verdadeiras Estrelas

A Uber Eats pode um dia representar o futuro da Uber, afinal, é o que queremos com qualquer aposta.

Horizonte de inovação 3: Experimentação

Nesse horizonte, a empresa trabalha com hipóteses. São ideias que precisam ser testadas e validadas, e não há uma previsão concreta de resultado.

Nesse horizonte, o investimento deve ser voltado a viabilizar a experimentações. Aqui, eu estou falando de geralmente de projetos de inovação que têm um alto grau de incerteza e risco associado. 

Podemos pensar no Elon Musk apostando no Hyperloop (um transporte de tubos a vácuo para as grandes metrópoles).

O futuro desse projeto é incerto, uma vez que o próprio Elon Musk não possui garantias de que a estratégia dará certo, de que terá viabilidade comercial ou mesmo que as pessoas se sentirão confortáveis com a ideia.

Entretanto, se o Hyperloop der certo, pode ser um serviço de transporte completamente disruptivo, capaz de mudar os hábitos de consumo das pessoas em geral.

Ainda seguindo pela linha de projetos com alta incerteza, temos o táxi híbrido da Uber, comunicado pela empresa em setembro de 2019.

Existe uma tecnologia que precisa ser validada, é preciso haver viabilidade técnica para isso, ou seja, o caminho é longo, mas esse pode ser uma grande Estrela, garantindo o futuro da organização.

Quanto investir em cada horizonte de inovação?

Horizonte de inovação 1: Core Business

Agora que a gente já viu como que se organizam cada um dos horizontes de inovação, uma pergunta que você pode estar se fazendo é: “Quanto que eu devo investir do meu orçamento total de inovação em cada um dos horizontes?”

Para isso, nós podemos nos guiar pela regra 70 / 20 / 10 , muito utilizada por Eric Schmidt , presidente da Google por muitos anos. 

Com essa regra, nós disponibilizamos 70%  do nosso orçamento para inovações de Horizonte 1.

Lembra quando falamos sobre inovações incrementais e envolvimento dos colaboradores acima? Nós estávamos falando justamente disso: utilizar 70% dos seus recursos para investir no core business da sua empresa.

Investir a maior parte do seu orçamento de inovação em inovações incrementais, que buscam aprimorar o seu core, vai fazer muito sentido porque é um mercado que o seu negócio já conhece bem, tornando-se um investimento muito menos incerto.

Horizonte de inovação 2: Novos negócios emergentes

Os 20% da segunda parte aqui são alocadas para o Horizonte 2, para conquistar os mercados adjacentes ao seu core business! Lembre-se dessa regra: quanto mais próximo o mercado é do seu core business, menor o risco da inovação.

Entretanto, por mais que o mercado que estamos querendo conquistar seja próximo ao que o meu carro-chefe faz parte, ainda sim não é o meu mercado – tornando o cenário mais incerto.

Ou seja, alocamos apenas 20% do meu orçamento para investimentos com certo grau de incerteza, permitindo que você capture um valor que o seu negócio não tem hoje, sem apostar todas as nossas fichas nesses investimentos.

Horizonte de inovação 3: Experimentação

Os 10% restantes são para investimentos em Horizonte 3, ou seja, em inovações radicais. Esses investimentos construirão um futuro desconhecido para a minha empresa, com alto grau de incerteza.

Mas o mais importante é que eu estou investindo também no longo prazo, ou seja, estou garantindo a participação da minha organização na criação de novas alternativas para o futuro, como o táxi híbrido da Uber ou o Hyperloop do Elon Musk.

O próprio Eric Schmidt costumava dizer:

“Quanto mais você investe em algo, mais difícil é você admitir o fracasso nele”.

Eric Schmidt

Então, se optarmos por investir boa parte dos nossos recursos em projetos de inovação incertos, corremos o risco de adiar a admissão de fracasso desses investimentos que certamente vão consumir todos os meus recursos.

É muito mais assertivo trabalharmos com a ideia de observar a evolução dos projetos em paralelo e observamos quais deles conseguem alcançar o desempenho esperado. Quando as expectativas não são atendidas, nós precisamos matar o projeto! Dessa forma conseguimos priorizar os melhores investimentos, nos relacionando com eles de forma racional.

Esse conceito de matar projeto é muito relevante quando a gente tem um portfólio de inovações muito grande na organização. Se você quiser ver, na prática, como realizamos essa alocação de projetos por horizonte, clique no link abaixo:

Vídeo – Como equilibrar o portfólio de inovações com o AEVO Innovate

Horizonte de inovação 1 vs Horizonte 3

O planejamento de inovação

Quando falamos de planejamento, ou seja, planejar nossas iniciativas de inovação do Horizonte 1 é natural é que nós queiramos fazer um Business Plan tradicional, ou seja, um plano de negócios que as empresas estão comumente acostumadas a fazer.

Esse plano tradicional é perfeito pode ser facilmente utilizado nesse horizonte, por se tratar de um cenário de alta certeza.

Agora, quando falamos de Horizonte 3 a coisa muda! Isso porque o Business Plan tradicional não consegue prever os riscos desse cenário que é muito incerto.

Para o Horizonte 3 é mais assertivo trabalhar com a ideia de se desvincular daqueles planos muito extensos e incorporar pequenos ciclos de experimentação, validando as alternativas a cada evolução do projeto.

A execução da inovação

Quando falamos de execução de projetos e, principalmente se tratando de estrutura para executar essas inovações, temos uma boa diferença por horizontes de inovação.

No Horizonte 1 eu vou envolver meu time interno para executar essa estratégia, uma vez que o mesmo está muito próximo do meu modelo de negócios e já entende bastante do funcionamento do meu core business.

É como citamos lá em cima, envolver os colaboradores em um Programa de Ideias é uma ótima forma de aproveitar o potencial da sua organização para gerar melhorias em processos, produtos e serviços.

Já no Horizonte 3, estamos falando de uma inovação cujas variáveis de risco e incerteza não sou conhecidas pelo meu time interno e, para isso, eu precisarei contar com a ajuda de estruturas mais a borda da organização, ou seja, nós talvez queiramos abrir uma empresa que esteja mais focada especificamente nessa inovação e/ou vou querer ter um grupo específico de pessoas voltadas para fazer inovações em futuros tão incertos.

Aqui também vale fazer parcerias no mercado com startups e universidades, seguindo o mindset de inovação aberta – se você ainda não conhece o termo ou quer se aprofundar nele, clique no link abaixo:

Vídeo – O que é Inovação Aberta, conceito e cases de sucesso

Então, a dica é simples: aposte no seu time interno quando se tratar de investimentos de Horizonte 1 e foque na borda da organização quando os investimentos se aproximarem do Horizonte 3.

O prazo da inovação

O tempo é uma variável infinitamente importante para a inovação e faz sentido termos em mente as dimensões desse recurso ao longo dos horizontes de inovação.

Como você deve ter imaginado, nas inovações de Horizonte 1 eu tenho projetos que são executados de forma mais veloz, isso porque estamos falando de absorver melhorias em cenários que já são muito conhecidos pela organização.

Steve Blank escreveu um artigo para Havard Business Review falando sobre a volatilidade da variável tempo no Horizonte 3 de inovação, isso porque a disponibilidade de tecnologia e a velocidade com que as empresas conseguem se reinventar hoje em dia está muito mais veloz, trazendo à tona, por exemplo, startups com modelos de negócio disruptivos.

O importante desse insight é perceber que nós precisamos acompanhar a velocidade do mercado, viabilizando os projetos de Horizonte 3 do meu portfólio de inovações, também com maior velocidade.

É importante lembrar: eu preciso disruptar o meu mercado o quanto antes, porque se eu não fizer, alguém vai.

Conclusão

Esperamos que esse conteúdo tenha sido útil para você planejar o seu portfólio de inovações com mais assertividade.

Nós preparamos um vídeo especialmente para você, mostrando como você pode organizar seus projetos de inovação utilizando nosso software para gerenciar as inovações da sua empresa, o AEVO.

Vídeo – Como equilibrar o portfólio de inovações com o AEVO

Luís Felipe Carvalho

Luís Felipe Carvalho é um dos fundadores e, atualmente, CEO da AEVO; está há mais de 16 anos à frente de iniciativas para alavancar a inovação de empresas do Brasil e do mundo. Ao longo de sua trajetória, acumula experiências em gestão e implantação de projetos de inovação, buscando formas de gerar resultados para corporações também por meio do incentivo ao intraempreendedorismo. Graduado em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Espírito Santo, cursou MBA em Gestão Empresarial e possui certificação PMP (Project Management Professional) concedida pelo Project Management Institute. Foi analista de projetos e liderou programas inovadores em grandes companhias de segmentos como engenharia e siderurgia. Integrou ainda o corpo docente da FUCAPE Business School, ministrando disciplinas de Project Management Office (PMO), Portfólio e Maturidade em Projetos e Gerenciamento de Riscos.

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5 comentários

  1. Muito bom! INOVAÇÃO é uma coisa que sempre esteve liga a processos muito mais do que à tecnologia. Sempre gostei desse termo e tenho procurado trabalhar com isso muito antes do surgimento do Digital.

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