Os horizontes de inovação são um framework estratégico desenvolvido pela McKinsey&Company, que visa organizar os projetos de inovação de uma empresa de forma balanceada para o curto e longo prazo, garantindo seu crescimento contínuo (com o modelo de ambidestria organizacional).
O termo foi conhecido a partir do lançamento do livro “A Alquimia do Crescimento”, em 1999, de Mehrdad Baghai, David White e Stephen Coley, consultores da McKinsey.
Os três horizontes de inovação são classificados como H1, H2 e H3, cada um deles tem um foco específico e particularidades que farão a empresa se manter competitiva e perene.
Entenda o que são os horizontes de inovação de forma simples e detalhada, a sua importância para as empresas, como aplicar e quanto em cada um dos horizontes. Siga a leitura.
O que são os horizontes de inovação?
Horizontes de inovação são um modelo criado pela consultoria de gestão mundial McKinsey&Company, que divide o investimento em inovação a partir de três dimensões, que juntas constroem e mantém negócios sustentáveis e exponenciais.
Este já é um conceito bem antigo e foi amplamente incorporado para auxiliar as organizações a garantirem o balanceamento entre inovações de curto e de longo prazo.
Os três horizontes de inovação envolvem duas variáveis: o crescimento e o tempo. E, ainda, contemplam desde inovações incrementais até as radicais – que envolvem um maior risco.
Os horizontes se dividem a partir do foco:
- H1: explora o core business do negócio, aprimorando o que já funciona;
- H2: explora os mercados adjacentes ao core business;
- H3: promove a experimentação, a partir de um modelo mais arriscado de inovação.
A representação dos horizontes é feita em um gráfico com dois eixos: o eixo vertical, que corresponde ao crescimento; e o eixo horizontal, que representa o tempo.
Porém, cuidado: essa representação pode dar a entender que cada horizonte tem um momento certo para ser trabalhado. Na verdade, não é assim. A sua empresa deve trabalhar nos três horizontes simultaneamente.
Horizonte 1 (H1): Core Business
No horizonte 1, a preocupação é com os produtos e serviços que representam a atividade principal da empresa, responsáveis por sua receita e lucro.
O objetivo deve ser obter o máximo de aproveitamento desses produtos ou serviços, investindo em melhoria nos resultados e na defesa contra concorrentes e novos entrantes do mercado.
Para isso, a inovação é voltada para aumentar a eficiência operacional e melhorar o produto e experiências dos clientes. Outro aspecto relevante é que os investimentos realizados no âmbito desse horizonte, de maneira geral, geram retorno no curto prazo.
Empresas como a Ambev, Aeris e Aviva são excelentes exemplos de como mexer em “time que está ganhando” traz resultados incríveis.
Todas essas organizações utilizaram o Programa de Inovação para trazer seus colaboradores para o centro do protagonismo corporativo, uma vez que essas pessoas estão a frente dos processos, serviços e produtos que representam o core business da empresa.
Sem dúvidas, eles sabem melhor do que ninguém como resolver problemas e criar novas soluções.
Para o Horizonte 1, nós temos o exemplo da caneca BIC que, ao longo dos anos, investiu tempo e muito trabalho na evolução do seu produto principal.
Este investimento no core business permitiu que a caneta BIC se tornasse mais confortável, leve, resistente e segura para os clientes, mantendo uma produção eficiente para que a caneta se mantivesse viável para o mercado – tudo isso para continuar gerando valor ao seu produto e se mantendo competitiva.
Horizonte 2 (H2): Novos negócios emergentes
Nesse horizonte, a preocupação é explorar novas oportunidades de negócios, mas que sejam uma extensão direta do negócio atual; por exemplo, lançar um novo produto ou expandir para um novo mercado.
A inovação nesse horizonte é um pouco mais arriscada do que em H1, pois envolve um novo mercado ou novo produto. Além disso, o investimento tende a ser alto, com alta promessa de retorno.
Como exemplo podemos pensar no Uber Eats, que é o aproveitamento do mercado adjacente da própria Uber usando um produto e operação muito similares.
Não entendeu? Nós explicamos: a empresa já está consolidada em um mercado de transporte, então entrar no mercado de delivery de comida faz todo sentido, já que ela já domina a logística.
A estratégia da Uber é incorporar os mercados que estão próximos ao seu core business, transformando produtos com baixo market-share, localizados em um mercado em alto crescimento (apostas), em verdadeiras estrelas.
A Uber Eats pode um dia representar o futuro da Uber, afinal, é o que queremos com qualquer aposta.
Horizonte 3 (H3): Experimentação
No horizonte 3, a empresa trabalha com hipóteses. São ideias que precisam ser testadas e validadas, e não há uma previsão concreta de resultado.
Nesse horizonte, o investimento deve ser voltado a validar hipóteses através de experimentos. Os projetos poderão receber mais recursos depois que forem validados.
Aqui, estamos falando de projetos de inovação com um alto grau de incerteza e risco associado.
Podemos pensar no Elon Musk apostando no Hyperloop, um transporte de tubos a vácuo para as grandes metrópoles.
O futuro desse projeto é incerto, uma vez que não há garantias de que a estratégia dará certo, de que terá viabilidade comercial ou mesmo que as pessoas se sentirão confortáveis com a ideia.
Entretanto, se o Hyperloop der certo, pode ser um serviço de transporte completamente disruptivo, capaz de mudar os hábitos de consumo das pessoas em geral.
Ainda seguindo pela linha de projetos com alta incerteza, temos o táxi híbrido da Uber, comunicado pela empresa em setembro de 2019.
Existe uma tecnologia que precisa ser validada, é preciso haver viabilidade técnica para isso, ou seja, o caminho é longo, mas esse pode ser uma grande estrela, garantindo o futuro da organização.
A imagem abaixo ilustra, em dados divulgados pelo seu então CEO Eric Schmidt, a distribuição de investimento em inovação a partir dos três horizontes na Google. Nela, podemos ver como esse método pode ser aplicado na prática.
Por que se preocupar com os três horizontes de inovação?
Afinal de contas, conhecer esse framework, essa maneira de pensar na inovação, faz alguma diferença? Sem dúvida!
Os horizontes de inovação permitem ver a inovação sob diferentes perspectivas e avaliar a contribuição que cada uma delas traz para o progresso.
É uma forma importante de balancear o portfólio de projetos de inovação, fazendo com que a empresa invista no seu negócio principal, mas também na criação de seus negócios futuros.
O simples fato de facilitar a discussão em torno da inovação já é um benefício concreto desse framework.
É importante entender que essa classificação não implica em que uma inovação seja “melhor” do que outra.
Pelo contrário: para enfrentar os desafios colocados pelo mundo atual e pelo futuro, todos os horizontes devem ser levados em consideração na tomada de decisões inteligentes.
Empresas de sucesso, como Amazon, Apple, Google, Facebook, Nvidia, buscam inovar nos três horizontes.
Como aplicar o framework ao seu negócio?
Entendeu bem a teoria por trás dos três horizontes? Então, é hora de falar um pouco sobre como aplicar esse framework.
O primeiro passo é entender o modelo e identificar como cada um dos horizontes está sendo desafiado dentro da empresa.
Não custa relembrar que os três horizontes devem estar em jogo ao mesmo tempo, em diferentes projetos da organização.
Então, é preciso usar esse diagnóstico para reconhecer quais ferramentas e técnicas devem ser usadas em relação a cada inovação.
Tenha em mente que os diferentes horizontes pedem diferentes “arsenais”. Assim, é possível desenvolver uma gestão da inovação mais adequada a cada caso.
[CASE] Os horizontes de inovação da Amazon
Criada pela Amazon, empresa que inicialmente vendia livros online, a plataforma de serviços de computação em nuvem – Amazon Web Services (AWS) – é um excelente exemplo de exploração dos horizontes.
Com um modelo de negócios de atuação 100% online, a empresa precisou investir muito no Horizonte 1 e tornar-se uma especialista em gerenciamento e de servidores com alta flexibilidade garantiu a sobrevivência do seu negócio.
O resultado de todo esse investimento foi a exploração do Horizonte 2, quando de fato a empresa transformou essa experiência bem lapidada em um serviço de alta escalabilidade. Deu para perceber como os horizontes estão conectados, né?
A Amazon é um bom exemplo de empresa que explora os três horizontes de inovação em suas atividades. Vamos ver um exemplo de cada um deles.
O Amazon Robotics, sistema de automação para estoque, é um exemplo de inovação situada no horizonte 1. A Amazon comprou uma empresa que fornecia soluções de automação, chamada Kiva Systems, fez um rebranding e implementou em seu próprio negócio.
O objetivo foi aumentar a eficiência da logística, permitindo que os produtos fossem separados e embalados automaticamente, com mais agilidade e menos erros. Tudo isso, focado no core business da empresa.
O Kindle, aparelho móvel para leitura, é um exemplo de inovação situada no horizonte 2. Esse novo produto pode ser considerado uma “jogada de mestre” já que permitiu aumentar o interesse pelos e-books, um produto estratégico que dispensa estoque e gastos com distribuição.
Outro exemplo do horizonte 2 foi a abertura da Amazon Brasil para vender outros produtos, além de livros.
Agora, um desafio para você: em qual dos horizontes de inovação enquadraria a Amazon Go, iniciativa mais recente dessa empresa? Deixe sua resposta nos comentários!
Conclusão
Agora, você já sabe a importância dos horizontes de inovação e como ele pode ser aplicado na prática, com equilíbrio no balanceamento de investimento e esforço.
Para fazer a gestão da inovação nos horizontes, a tecnologia pode te ajudar em toda essa jornada.
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2 comentários
Horizonte 1.
muito bom!