O desenvolvimento de um Projeto Ágil requer a adoção de métodos igualmente ágeis, e é por isso que o Lean Inception é tão vantajoso.
O Lean inception se trata exatamente de uma metodologia que ajuda a acelerar a oferta de soluções de forma contínua e consistente, sempre englobando dois eixos fundamentais: os objetivos do negócio e as necessidades dos usuários.
Muito aplicada no desenvolvimento de produtos digitais, ele funciona como um workshop. Consiste em reunir o time para executar uma série de atividades a fim de criar um MVP e incrementar o projeto ao longo do tempo.
O que é Lean Inception e MVP
O MVP é a sigla em inglês para Minimum Viable Product, ou produto mínimo viável.
Esse é um conceito bastante conhecido no ramo das startups e se trata da versão mais simplificada de um produto – o qual se apresenta em um estágio mínimo de desenvolvimento, porém com viabilidade garantida.
Diferente da versão final de um produto, que leva muito tempo de planejamento, análise e elaboração até o seu lançamento, o MVP pode ser lançado aos poucos, em partes menores e menos elaboradas.
Desse modo, ele vai ganhando novas funcionalidades nas próximas etapas – sempre haverá o MVP 1, o MVP 2, o MVP 3 e assim por diante.
Isso ajuda a empresa a saber se está no caminho certo e qual o próximo passo a ser dado na elaboração do produto até entregar uma versão final o mais eficiente possível – sem correr o risco de despender tanto tempo e recursos em algo que, no fim das contas, não atinja o nível de satisfação esperado.
O Lean Inception, nesse sentido, é uma maneira eficaz de alinhar a equipe em torno do planejamento de um MVP, buscando alinhar os conhecimentos técnicos e de negócio que os membros do time detém.
Seu objetivo é desenvolver um projeto de forma rápida e consistente, e o próprio nome do método já pode explicar bem o que se pretende com ele.
A palavra Lean significa enxuto, no sentido de ser econômico; já a palavra Inception significa começo. É através desse “começo enxuto” que podemos lançar um produto com agilidade e investimento baixo.
A origem do Lean Inception
Podemos dizer que o Lean Inception é uma metodologia Made in Brazil. Ela foi criada por Paulo Caroli, que contava com uma vasta experiência no desenvolvimento de produtos digitais, trabalhando por mais de 10 anos no Vale do Silício, e conseguiu elaborar uma forma de tornar esse trabalho mais rápido e eficaz.
Por meio da sua expertise, ele foi capaz de identificar alguns pontos em comum nas etapas que antecedem o desenvolvimento tradicional de um produto. Uma das semelhanças está na necessidade de alinhar a área de negócios e a área técnica.
Inspirado pelos métodos Lean Startup e Design Thinking, ele começou a aplicar a Inception em seus projetos e compartilhar os resultados num blog.
Com o passar do tempo, diversas pessoas começaram a experimentar essa nova metodologia, divulgando seus feedbacks. E foi assim que a Lean Inception se transformou em um verdadeiro movimento no Brasil, posteriormente se espalhando pela América Latina e pelo mundo.
Criando um MVP com lean inception: passo a passo
Segundo Paulo Caroli, o Lean Inception funciona como uma receita. Ele deve seguir um passo a passo em que todas as atividades são ingredientes importantes.
O ideal é que esse processo ocorra ao longo de uma semana, com as atividades sequenciadas. Supondo que o workshop irá durar 5 dias, tempo mais recomendado, mostramos abaixo como essas atividades podem se encaixar numa agenda de segunda a sexta-feira.
1. Visão do Produto
Os participantes do Lean Inception são apresentados e orientados sobre o objetivo e necessidades da atividade e então começam a discutir sobre a Visão do Produto.
Em linhas gerais, eles devem preencher as lacunas da seguinte frase:
O MVP servirá para cliente, cujo problema a ser resolvido requer um tipo de produto que proporcione benefícios. Diferentemente do produto da concorrência, nossa visão tem diferenciais.
– Segunda –
2. É, não é / Faz, não faz
Assim como no passo anterior, essa atividade é mais focada no negócio. Aqui, é preciso definir o que o produto é, o que ele faz, o que ele não é e o que não faz.
A ideia é ter mais clareza, tanto para quem vai desenvolver o MVP quanto para apresentá-lo ao público futuramente.
– Terça –
3. Definição da Persona
Essa atividade se concentra em UX (experiência do usuário).
Neste momento, a equipe faz a criação de persona, lançando ideias de pessoas que podem se interessar naquele produto. Para isso, é definido nome, perfil de identidade, comportamento, interesses e necessidades desse usuário.
4. Funcionalidades
Chegou a hora de fazer o brainstorming das funcionalidades pensadas para aquele produto. O grupo deve responder o que o produto precisa ter para atender as necessidades da persona.
– Quarta –
5. Revisão técnica de UX e de negócios
Nesse passo, você vai utilizar um gráfico que mede a confiança entre o que fazer e como fazer. É o momento de alinhar os atributos técnicos e do negócio para nivelar as features.
Quanto mais acima e à direita uma funcionalidade estiver no gráfico, maior será a sua prioridade.
6. Jornada do usuário
É preciso ter o entendimento de quais passos o usuário percorre para executar o objetivo utilizando o produto.
Ao fazer a jornada, o time vai esclarecer o que acontecerá antes, durante e depois da interação do usuário com o produto.
– Quinta –
7. Features de jornada
Logo após a criação da jornada do usuário, é importante que elas sejam relidas para verificar se deve haver alterações para melhor atender ao cliente. Esse momento é muito importante porque a primeira definição das funcionalidades, lá na terça-feira, ainda não considerou a persona e sua jornada, que já devem estar bem desenhadas.
8. Sequenciador
O time organiza um conjunto de guias com funcionalidades priorizadas, as quais servirão como base para a criação do seu MVP. Para isso, todas as funcionalidades são escritas e postas em ordem decrescente de importância. Depois, é preciso que se chegue a um consenso sobre até qual funcionalidade será incluída no produto, considerando tempo, recursos e viabilidade.
– Sexta –
9. Canvas MVP
No último passo acontece o preenchimento do MVP Canvas, que é onde a validação das ideias acontece. Na ferramenta há espaços para inserir a visão do produto, persona, jornadas, features, custos e agenda, resultados esperados e métricas para validação das hipóteses de negócio.
Por que criar uma Lean Inception?
O Lean Inception é uma resposta às urgências de criar um produto que seja entregue o mais rápido possível, mas ainda atenda às metas do negócio e às necessidades do cliente.
Indo, além disso, o Lean Inception favorece o trabalho do time! Durante o Workshop Lean Inception, todos os participantes ganham a percepção de pontos importantes em torno de um produto:
- Qual é o seu objetivo;
- Quem é o usuário final;
- Qual é o seu escopo.
Ou seja, o Lean Inception oferece uma visão panorâmica sobre o MVP para toda a equipe, e dessa forma todos podem avaliar se ele é funcional, usável e se vai agregar valor para o usuário final.
O Lean Inception ainda permite, por exemplo, dividir as atividades entre o time para construir o produto de forma mais consolidada.
Pela forma como são distribuídas e organizadas as atividades dentro da metodologia, elas se tornam muito objetivas e fáceis de compreender. O Lean Inception ainda contribui para uma gestão mais colaborativa!
Segundo o próprio Paulo Caroli, o comprometimento, o relacionamento e o compartilhamento entre os participantes do processo é uma das atividades mais importantes entre todas que permeiam o método.
Conclusão
O Lean Inception reflete diretamente na entrega do produto e na satisfação do usuário final. Mas antes disso, ele atinge a mentalidade do time criando o alinhamento com uma proposta de agilidade e inovação constante.
Para atingir um equilíbrio entre velocidade e qualidade, é fundamental adotar ferramentas como o AEVO Innovate para gerir seus projetos de inovação, acompanhando o desempenho da equipe e direcionando os próximos passos.