Conforme as empresas ganham maturidade no campo da inovação, é preciso contar com instrumentos que direcionem as ações nesse campo. Esse é o papel das políticas de inovação, que estimulam a criação e a melhoria de produtos, serviços e processos nas organizações.
Esse conceito tem dois sentidos, que vamos abordar em detalhes.
Por um lado, existem as políticas de inovação nacionais – leis e regulamentos que favorecem negócios inovadores. Além disso, temos as políticas internas, responsáveis por definir como o processo de inovação ocorre em uma empresa.
Nos dois casos, o objetivo é o mesmo: estabelecer bases claras sobre as quais lideranças e profissionais inovadores possam atuar.
Confira as possibilidades oferecidas pelas políticas de inovação, e quais as vantagens de adotá-las na sua empresa. Siga a leitura.
O que são políticas de inovação?
As políticas de inovação, sob um prisma abrangente, referem-se a diretrizes e estratégias adotadas para promover e impulsionar processos inovadores.
No âmbito governamental, as políticas públicas de inovação são estabelecidas por meio de leis, regulamentos e iniciativas que visam criar um ambiente propício à pesquisa, desenvolvimento e implementação de novas ideias.
Elas ajudam a transformar criatividade em resultados, garantindo que a inovação seja um motor para o crescimento econômico e a competitividade do país.
Em outro campo, as políticas de inovação empresarial são conjuntos de diretrizes internas estabelecidas para orientar e estimular a inovação dentro de organizações. Essas políticas envolvem a criação de uma cultura que valoriza a experimentação, o aprendizado contínuo e a adaptação às mudanças.
Além disso, podem incluir práticas específicas, como investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), parcerias estratégicas, e a criação de ambientes que encorajam a colaboração e a geração de novas ideias entre os colaboradores.
Seja no âmbito governamental ou corporativo, as políticas de inovação representam movimentos estratégicos que visam criar soluções tangíveis e vantagens competitivas.
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Políticas de inovação para as empresas
A política de inovação representa o primeiro passo para negócios que buscam se destacar por meio da gestão eficaz da inovação.
É nesse documento estratégico que as regras fundamentais da atuação da empresa em prol da inovação são delineadas, constituindo um guia vital para a condução bem-sucedida de programas e iniciativas inovadoras.
Assim como uma política de vendas ou uma política de RH, a política de inovação organiza os objetivos, os planos e as ações já adotadas.
O documento não é estático – nem poderia ser – e oferece um instrumento adaptável às particularidades de cada realidade institucional.
A clareza sobre as políticas de inovação não apenas fornece direcionamento interno, como também estabelece as bases para uma comunicação transparente com seus stakeholders.
Compreender os esforços e compromissos da empresa para se manter na vanguarda da inovação pode facilitar a relação com investidores, clientes e parceiros.
Por falar em parceria, as políticas de inovação também devem considerar os relacionamentos estabelecidos em programas de inovação aberta.
Ao estabelecer diretrizes claras para a colaboração com startups, universidades e outros agentes, as empresas criam uma base favorável para a troca de conhecimento e a criação de soluções em conjunto.
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Políticas de inovação em instituições públicas
Nas instituições públicas, a política sobre o assunto se consolida como uma determinação estabelecida pela Lei de Inovação. A legislação diz que todas as instituições envolvidas em atividades para promover a inovação – como o SEBRAE ou a EMBRAPII, por exemplo – devem adotar sua própria política.
Ela vai delinear as regras que orientam as ações da instituição. Por ser uma entidade pública, essa política desempenha um papel fundamental em direcionar as suas atividades e recursos.
A legislação confere autonomia para cada instituição criar sua política, estabelecendo diretrizes básicas para que todas incluam pontos cruciais como:
- O papel da instituição no processo de inovação;
- A forma de relacionamento com empresas;
- Possíveis parcerias com inventores independentes;
- A atuação da pesquisa nos processos de inovação.
Ter a política de inovação auxilia na aproximação de parceiros, que é um objetivo central dessas instituições. Sabendo quais as regras, os programas e a forma de atuação, as empresas podem avaliar as possibilidades e definir se irão ou não se engajar.
Política Nacional de Inovação
A Política Nacional de Inovação, estabelecida pelo Decreto nº 10.534/2020, se tornou um guia para as ações das instituições brasileiras ligadas ao assunto. Esta iniciativa representa um esforço estratégico para estruturar e fortalecer uma abordagem nacional coesa em relação à inovação, estimulando ideias e projetos em toda a sociedade.
O principal objetivo da Política Nacional de Inovação é criar a sinergia necessária dentro do Estado, proporcionando as ferramentas essenciais para impulsionar a inovação em diversos setores.
Este decreto foi concebido a partir de um processo colaborativo, envolvendo oficinas, entrevistas e consulta pública.
Ele estabelece a base para a construção de elementos subsequentes da política, como a Estratégia Nacional de Inovação e os Planos de Ação, além de orientar o monitoramento e a avaliação do seu impacto.
A Política Nacional de Inovação é fundamentada na importância de estabelecer uma rede articulada de diversos atores governamentais, acadêmicos e do setor privado.
Essa colaboração visa a construção de consensos para políticas públicas mais efetivas, reconhecendo a interdependência desses atores na promoção da inovação.
Na prática, a Política Nacional de Inovação atua para:
- Estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação em empresas, instituições de ciência e tecnologia (ICT) e entidades privadas sem fins lucrativos;
- Promover a coordenação e alinhamento de instrumentos de políticas públicas, programas e ações relacionadas ao fomento à inovação;
- Impulsionar a transformação do conhecimento em produtos, processos e serviços inovadores;
- Desenvolver o capital humano necessário para elevar os níveis de inovação na economia.
Pilares da política nacional de inovação
Para atender aos objetivos traçados, foram definidas cinco áreas de atuação estratégica:
1 – Educação
A área de Educação desempenha um papel crucial ao formar profissionais e promover a pesquisa, essenciais para a inovação.
Investir em formação profissional e docente, além de conceder bolsas de estudo e pesquisa, são algumas das ações que visam fortalecer a base de conhecimento e preparar futuros talentos.
2 – Base tecnológica
A base tecnológica é a espinha dorsal da inovação, sustentando o desenvolvimento de novas soluções. Investir em infraestrutura e desenvolvimento tecnológico são as prioridades dessa área, proporcionando o ambiente necessário para a pesquisa aplicada e a criação de soluções disruptivas.
3 – Mercados
As ações na área de Mercados visam facilitar a atuação do setor privado. Proporcionar segurança jurídica, mecanismos de apoio financeiro e estimular a inovação aberta são elementos essenciais.
A segurança jurídica atrai recursos, enquanto os mecanismos incentivam empresas a investir em pesquisa e desenvolvimento.
4 – Cultura de Inovação
O pilar da Cultura de Inovação se preocupa em atrair e reter talentos, estabelecer parcerias internacionais e consolidar um sistema nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O objetivo é garantir que as empresas tenham ambientes favoráveis à criatividade e ao empreendedorismo, fazendo assim o melhor uso dos recursos disponíveis
5 – Fomento à inovação
A área de Fomento à Inovação abrange os instrumentos legais que proporcionam diretrizes para a inovação e a aplicação de recursos públicos em ações estratégicas.
Além disso, ela se preocupa em incentivar parcerias público-privadas por meio de editais e contratações e projetos em conjunto, alinhando esforços para o desenvolvimento de soluções inovadoras.
Importância das políticas de inovação
As políticas são centrais para o fomento à inovação, trazendo benefícios substanciais tanto para as empresas que as adotam quanto para o ecossistema como um todo.
Para as empresas, a implementação de políticas de inovação proporciona diretrizes claras e estratégias bem definidas para impulsionar a criatividade e a pesquisa interna.
Estas políticas não apenas incentivam a geração de novas ideias, mas também estabelecem um ambiente propício para a experimentação e a implementação de soluções inovadoras.
Ao definir regras e práticas para promover a inovação, as empresas podem melhorar a eficiência operacional, desenvolver produtos e serviços mais competitivos e adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado.
Além disso, as políticas de inovação auxiliam na atração e retenção de talentos, por meio de uma cultura que valoriza a criatividade e a busca constante por melhorias.
Ao estabelecer parcerias estratégicas e promover a inovação aberta, as empresas podem expandir suas redes, colaborando com outras organizações, instituições de pesquisa e startups para impulsionar projetos conjuntos.
Fortalecendo o ecossistema, as políticas de inovação atuam na construção de uma sociedade mais avançada e sustentável. Ao coordenar e alinhar instrumentos públicos e ações privadas, essas políticas criam um ambiente propício para o desenvolvimento tecnológico e científico.
Elas estimulam a formação de uma cultura nacional de inovação, promovendo a geração de conhecimento, o aumento da competitividade e o crescimento econômico.
Principais políticas de inovação no Brasil
O apoio nacional à inovação vem se tornando cada vez mais amplo, através de mecanismos diversos que favorecem o tema em diversas frentes.
1 – Estrutura de apoio à inovação
A estrutura de apoio à inovação no Brasil é composta por uma rede de organizações e projetos que atuam na formulação e implementação das políticas de inovação. Elas conectam o setor público ao privado, transformando as decisões em recursos práticos que as empresas podem acessar.
As instituições e programas centrais nessa estrutura são o BNDES, as FAPs, o CNPq, o CAPES e a Finep.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) fornecem recursos para empresas investirem em P&D, com linhas de crédito facilitado.
Já as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) são instituições que concedem bolsas e apoiam pesquisas, impulsionando a formação de recursos humanos qualificados.
Também merecem destaque as instituições do Sistema S, sobretudo o SENAI e o SEBRAE. Enquanto o primeiro fornece treinamento técnico e desenvolve pesquisas aplicadas para a inovação na indústria, o segundo apoia a inovação em pequenos negócios, oferecendo capacitação, consultoria e acesso a recursos para estimular empreendimentos de menor porte.
2 – Políticas de apoio indireto à inovação
As políticas de apoio indireto à inovação criam incentivos fiscais que estimulam as empresas a investirem em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, sem oferecer recursos de maneira direta.
Os principais instrumentos que se enquadram nessa categoria são a Lei da Inovação (10.973/2004) e a Lei do Bem (11.196/2005).
A Lei da Inovação promove parcerias entre empresas e instituições científicas e tecnológicas (ICTs). Ela incentiva a transferência de conhecimento e tecnologia, estabelecendo regras para propriedade intelectual e possibilitando a criação de Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) para gerir o processo de inovação nas instituições.
Já a Lei do Bem permite a utilização automática de incentivos fiscais por empresas envolvidas em atividades de P&D, sem a necessidade de apresentar projetos prévios. As empresas que utilizam estes recursos apresentam um investimento médio de 7% a 11% maior em P&D.
O incentivo é particularmente relevante para empresas tributadas com base no lucro real, ao permitir a dedutibilidade dos gastos em inovação da base de tributação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL).
Para compreender um exemplo prático do uso da Lei do Bem pelas empresas, confira o case do Banco Carrefour no podcast abaixo.
No bate-papo, Charles Schweitzer, então Diretor Superintendente de Inovação do Grupo Carrefour, explica como o grupo conseguiu alcançar mais de 20 milhões de retorno em benefícios fiscais ao utilizar a Lei do Bem:
3 – Políticas de apoio direto à inovação tecnológica
Estas políticas de inovação proporcionam às empresas acesso direto a recursos financeiros para fomentar suas iniciativas. O destaque nesse contexto fica por conta da Finep e do BNDES, que financiam a maior parte dos projetos de inovação nas empresas.
A Finep é responsável pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), fonte crucial de recursos para seus programas e ações. Tais recursos passam pelos Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, e são destinados a setores estratégicos do país.
A Finep oferece diferentes mecanismos de financiamento para empresas, incluindo financiamento em condições favoráveis, programas de venture capital, subvenção econômica e recursos não reembolsáveis para Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) nacionais.
Já o BNDES, é o principal instrumento de financiamento de longo prazo para diversos segmentos da economia, e tem a inovação como uma prioridade desde 2009.
O banco busca apoiar operações relacionadas à formação de capacidades e ao desenvolvimento de ambientes inovadores.
Suas estratégias incluem linhas e produtos de financiamento à inovação, programas de apoio setoriais, recursos diretos não reembolsáveis para empresas e participação em fundos de venture capital.
Desde 2011, BNDES e Finep colaboram no Plano Inova Empresa, promovendo iniciativas conjuntas como InovaAgro, Inova Energia e Inova Saúde, para atrair e estimular empresas capazes de contribuir com soluções para setores estratégicos.
Conclusão
Seja como instrumento público de incentivo ou como ferramenta de gestão empresarial, as políticas de inovação tem grande importância na gestão de ideias e projetos.
No campo das políticas públicas, regulamentos como a Lei do Bem e a Lei da Inovação buscam criar um ambiente propício por meio de incentivos e diretrizes estratégicas. Além disso, instituições como a Finep e o BNDES trazem suporte financeiro direto para projetos inovadores, promovendo avanços em diversos setores.
Transformar essas condições favoráveis em resultados exige uma abordagem estratégica e eficiente por parte das empresas, que devem construir suas próprias políticas de inovação.
A expertise em gestão da inovação pode fazer a diferença nesse objetivo, e a AEVO se apresenta como uma One Stop Shop de Inovação e Estratégia.
A solução conta com uma plataforma de inovação que centraliza todas as iniciativas inovadoras em um mesmo ambiente, em conjunto com uma consultoria de inovação especializada, que desenha e executa projetos de acordo com as especificidades de cada negócio.
Desse modo, as empresas se tornam capazes de estabelecer uma abordagem sólida e contínua para seus processos de inovação, alcançando mais resultados, e gerando valor real para o negócio.
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