Tipos de inovação: conceitos, características e aplicações

A inovação é uma prática que tem ganho espaço no contexto corporativo nos últimos anos, a partir de diversas abordagens que vêm sendo implementadas pelas empresas para gerar valor ao negócio no presente e construir seu futuro.

Ela é, em suma, uma ação de sobrevivência no mercado em que a organização está inserida.

Para conquistar sucesso com a implementação de uma estratégia de inovação, no entanto, é essencial entender o conceito de inovação, seus principais tipos e como aplicar cada um deles, para, então, traçar a melhor rota para o contexto da sua empresa.

Ao longo da história, autores, especialistas e estudiosos buscaram dar significado e contexto aos tipos de inovação.

Alguns deles ficaram significativamente conhecidos, como, por exemplo, Larry Keeley, Clayton Christensen e Alex Osterwalder.

Entretanto, é preciso ter em mente que não há apenas uma forma possível de definir os “tipos de inovação” e determinar qual é mais ou menos eficaz para as empresas.

Pensando nisso, elaboramos esse artigo com o intuito de apresentar abordagens possíveis e exemplos práticos de cada uma delas, desconstruindo a ideia de modelo único. Siga a leitura.

O que é inovação?

Podemos definir o conceito de inovação como uma ideia implementada que gera valor para o negócio e atende a uma necessidade real para os objetivos organizacionais.

A inovação não para na ideia, ela precisa ter uma aplicação para ser de fato concretizada e implementada na empresa.

Ao mesmo passo, precisa gerar valor ao negócio.

Portanto, a inovação necessariamente tem que trazer um retorno para a companhia – seja um aumento de faturamento, a melhoria em um processo produtivo, a redução de custos, o lançamento de um novo produto, uma mudança no modelo de negócio, entre outros.

O que são os tipos de inovação?

Os tipos de inovação são uma forma de nomear modelos e abordagens possíveis para implementar uma estratégia de inovação em uma empresa, entendendo como ela gera valor para o negócio.

Essencialmente, três tipos de inovação são os mais conhecidos e utilizados pelo mercado (e facilmente identificáveis): a inovação incremental (também chamada de inovação de sustentação); inovação radical (ou de transformação); e a inovação disruptiva.

Entender e mapear os diferentes modelos de inovação é uma forma de começar a inovar. Assim, a empresa cria processos aliados aos objetivos organizacionais.

Essa atitude facilitará a estruturação de um programa de inovação, bem como em sua gestão posteriormente.

Agora, conheça os conceitos teóricos e as características dos tipos de inovação. Siga a leitura. 

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Os três tipos de inovação de Clayton Christensen

Clayton Christensen foi professor universitário em Harvard e autor do livro “O Dilema da Inovação”, considerado uma leitura obrigatória por muitos gestores e lideres de grandes empresas. No conteúdo desta obra, surgiu o conceito de “inovação disruptiva”.

A visão de Clayton sobre os diferentes tipos de inovação dava enfâse em inovações que geravam novos modelos de negócio que criavam ou modificavam completamente um mercado, contribuindo com a sociedade e seu progresso contínuo.

Desse pensamento, conceituou o termo inovação disruptiva.

Em resumo, a inovação disruptiva acontece quando uma empresa produz algo (uma tecnologia, por exemplo) totalmente novo, capaz de substituir as soluções existentes em um mercado.

Quanto aos tipos de inovação, o autor define três principais: inovações criadoras de mercado; inovações de sustentação; e as inovações de eficiência.

O primeiro grupo o autor nomeia de inovações criadoras de mercado, que são aquelas que observem produtos complexos e de alto valor transformando-os em produtos mais acessíveis e baratos, alcançando grande mercado consumidor.

Clayton nomeia como inovações de sustentação o segundo tipo de inovação, que são aquelas que tem objetivo de melhorar e impulsionar o core business, ou seja, sustentam o negócio. A inovação de sustentação aprimora produtos que já são o carro-chefe do negócio para que eles continuem gerando interesse e valor para o público-alvo.

O terceiro tipo são as inovações de eficiência, aquelas que focam no operacional e melhoria contínua, buscando tornar a equipe mais efetiva.

Tipos de inovação de Alex Osterwalder

Entre as formas de definição dos tipos de inovação, podemos citar a modelagem de Alex Osterwalder.

O suíço Osterwalder é autor, teórico e consultor, conhecido pela criação do Business Model Canvas.

Em “The Invincible Company”, lançado em 2020, o autor, junto a Frederic Etiemble, Alan Smith e Yves Pigneur, explora duas modelagens para a inovação nas empresas: sustentação e transformação.

Essa é uma abordagem utilizada com frequência e como referência aqui na AEVO.

Inovação de sustentação

Assim como no método de Clayton, Osterwalder elabora o conceito de inovação de sustentação.

Esse tipo de inovação tem por objetivo sustentar o valor dos negócios atuais. Ou seja, a organização busca manter-se competitiva, aperfeiçoando-se cada vez mais.

Nesse tipo de inovação, as atividades são voltadas para o refinamento e a eficiência dos processos, garantindo o seu resultado no presente.

Apesar de englobar o conceito de inovação incremental, quando falamos de melhorias no processo e no produto, ela vai muito além, podendo envolver parcerias, aquisição de empresas, grandes investimentos dentro do portfólio de produtos atuais, entre outros.

Osterwalder explicita mais algumas de aplicações da inovação de sustentação no livro. Vejamos cada uma delas em detalhes:

• Aquisição: a atividade de comprar um negócio externo para criar um novo negócio autônomo ou fundi-lo com um de seus negócios existentes;
• Parceria: atividade de parceria com empresas externas para fortalecer um ou mais de seus modelos de negócios;
• Investir: a decisão de investir total ou parcialmente em um negócio externo para reforçar seu portfólio;
• Melhorar: atividade de renovar um modelo de negócio, ultrapassado para mudá-lo para um que seja mais novo e mais competitivo;
• Mesclar: atividade de fundir uma empresa adquirida externamente, ou de propriedade interna, com uma ou várias empresas próprias;
• Desinvestir: a atividade de desengajar de um de seus modelos de negócios. Isso pode ser na forma de venda para outra empresa, para investidores ou para a administração atual;
• Desintegrar: a atividade de encerrar e desintegrar um negócio.

Hoje, esse tipo de inovação tem ganhado relevância à luz de processos inovadores com alto grau de colaboração, como em um Programa de Ideias. 

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Inovações de transformação

A inovação de transformação é voltada à experimentação e construção de futuro da empresa.

Nela, é feita a transformação completa de um produto ou serviço, realizado a partir de um conjunto de iniciativas que direciona a organização a novos rumos na busca por crescimento, adaptação ou conquista completa de um novo mercado.

Há duas maneiras de inovar de forma transformacional: a primeira delas é desenvolver uma nova solução, um produto ou serviço que ainda não existam, e a segunda forma é explorando um novo mercado, diferente do seu core business. 

É neste tipo de inovação que produtos e serviços únicos são criados, a sua execução envolve maiores riscos, que podem ser reduzidos com boas práticas de gestão da inovação, porém, o prêmio é maior.

Ou seja, esta é uma inovação de crescimento, que busca explorar novas alternativas. 

Listamos aqui algumas das características mais importantes da inovação de transformação: 

• Alto investimento; 
• Alto impacto no mercado; 
• Tempo para implementação extenso; 
• Desenvolve alta capacidade de renovação e reinvenção da organização; 
• Possibilita a expansão dos nichos de atuação da empresa. 

Os dez tipos de inovação de Larry Keeley

Outra forma de enquadrar os tipos de inovação é o modelo de Larry Keeley, que se chama 10 TI. Nele, o autor faz questão de deixar claro que não existe uma sequência ou hierarquia entre os tipos de inovação.

Keeley é presidente e co-fundador da Doblin Inc., uma das empresas mais reconhecidas em estratégia de inovação – atualmente incorporada como uma unidade da consultoria Deloitte.

Keeley escreveu um livro intitulado ‘Dez tipos de inovação’, lançado em 2013, no qual descreve um pouco do seu método e sua experiência como consultor.

Para classificar as diferenças entre os 10 tipos mencionados pelo autor, temos três variações possíveis:

• Inovações de experiência, mais próximas aos clientes;
• Inovações de configuração, voltadas ao ambiente interno da organização;
• Inovações de ofertas, que dizem respeito a apenas um produto ou grupo de produtos.

Os 10 TI de Larry Keeley são:

• Inovações de configuração:
  • Modelo de lucro;
  • Rede;
  • Estrutura;
  • Processo.
    
• Inovações de oferta:
  • Desempenho de produto;
  • Sistema de produto.
    
• Inovações de experiência:
  • Serviços;
  • Canal;
  • Marca;
  • Envolvimento do cliente.

Vamos ver as características de cada um dos tipos de inovação?

Modelo de lucro

As inovações no modelo de lucro, como você deve imaginar, revisam o modelo de negócios para encontrar outras maneiras de gerar lucro.

Vejamos um exemplo: quando os aplicativos para smartphone ainda eram novidade, e nem todo mundo estava disposto a pagar por eles, alguém teve a ideia de obter lucro com anúncios nas versões “free” (gratuitas) dos aplicativos.

Essa foi uma inovação no modelo de lucro das empresas desenvolvedoras de aplicativos, que acharam uma maneira de obter receita mesmo quando não estavam de fato vendendo seu produto ao seu cliente.

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Rede

As inovações na rede dizem respeito a encontrar maneiras de criar conexões para produzir benefícios a todos os envolvidos.

Atualmente, isso é cada vez mais comum. As empresas promovem parcerias em que as forças do parceiro permitem que você supere suas próprias fraquezas.

Mas as redes não precisam ser formadas entre empresas. Elas também podem ocorrer de maneira mais aberta, por exemplo, com profissionais autônomos. Isso faz parte das tendências de flexibilização do trabalho.

Um bom exemplo são os serviços de mobilidade urbana, em que a empresa por trás do serviço forma uma rede com todos aqueles motoristas cadastrados em seu sistema.

Estrutura

As inovações de estrutura estão relacionadas ao modo como a empresa dispõe dos seus vários ativos, sejam materiais ou humanos, tangíveis ou intangíveis.

Assim, por exemplo, quando a organização desenvolve um novo programa para identificar talentos e desenvolver lideranças, está implementando uma inovação de estrutura. Quando ela cria uma campanha para reduzir consumo e desperdício de insumos de escritório, também.

Processo

As inovações de processo estão entre as mais conhecidas. Elas estão no nível operacional e podem ser traduzidas como inovações no modo como uma certa atividade é desenvolvida.

Atualmente, a palavra de ordem em inovação de processo é lean ou enxuto: as empresas buscam maneiras mais simples, livres de desperdício de tempo, esforço ou recursos, para produzir os mesmos resultados que seus concorrentes.

Desempenho de produto

As inovações de desempenho de produto buscam trazer melhorias para o produto, reforçando sua proposta de valor, seus atributos ou sua qualidade.

É esse tipo de inovação que você está vendo quando uma fabricante de equipamentos eletrônicos lança um novo computador que promete mais desempenho, ou quando uma montadora de automóveis coloca no mercado um carro que consome menos combustível, por exemplo.

Esses são exemplos grandes, mas toda empresa busca inovação de desempenho de produto, desde aquela que produz tampas de canetas até aquela que desenvolve tanques de guerra.

E, claro, isso não se aplica somente às empresas que trabalham literalmente com fabricação: o mesmo vale para empresas de serviços, de comércio, entre outros segmentos.

Sistema de produto

As inovações de sistema de produto são aquelas que encontram maneiras de reforçar a complementaridade entre os produtos que sua empresa oferece.

Talvez a Apple seja um dos exemplos mais claros, porque cada equipamento complementa o outro de uma maneira que produtos de outras empresas não podem fazer.

Não é à toa que clientes da Apple, em geral, compram diferentes itens da marca: o computador, o tablet, o smartphone, os fones de ouvido, a caneta stylus, e assim por diante.

O conceito por trás desse tipo de inovação é simples, mas forte: o cliente tira o máximo de benefício do seu produto quando o utiliza em conjunto com outros produtos da sua empresa.

Serviços

As inovações de serviços não são apenas para as empresas de serviços. Atualmente, a maioria das empresas fabricantes de produtos estão encontrando maneiras de inovar com serviços, que aumentam o valor percebido por seus clientes.

É aí que entram seguros especiais, garantias estendidas, suporte ao usuário, e assim por diante. Eles não são o item principal da compra, mas apresentam um papel importante ao melhorar a qualidade da experiência do seu cliente.

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Canal

As inovações de canal estão focadas em responder a uma questão: como o seu produto chega até o cliente? A grande tendência dos últimos anos está no comércio eletrônico, que permite que qualquer pessoa tenha acesso aos produtos que deseja sem sair de casa.

Porém, é justamente nesse cenário que as inovações em relação às lojas tradicionais podem ter ainda mais impacto.

Um bom exemplo foi o lançamento da Amazon Go, loja física da Amazon em que não há nenhum funcionário.

O cliente entra, pega o que precisa, sai, e então a cobrança é feita automaticamente no cartão de crédito registrado.

Marca

As inovações de marca dizem respeito ao modo como o cliente vê sua empresa, buscando garantir que ele reconheça, se lembre e escolha o seu produto na hora de comprar.

Quer um exemplo simples? O detergente é um produto geralmente vendido com a promessa de ser econômico. Porém, a Ypê fez uma inovação de marca ao focar suas propagandas no fato de que ela é uma organização compromissada com o meio-ambiente.

Por isso, consumidores com uma forte consciência ecológica podem focar na Ypê na hora de comprar detergente.

Envolvimento do cliente

As inovações de envolvimento do cliente buscam criar novas maneiras de promover a interação e o diálogo entre a empresa e os clientes.

Houve um tempo em que as redes sociais promoveram uma verdadeira revolução no envolvimento do cliente.

Hoje, esse tipo de inovação exige uma ousadia ainda maior. A busca é por proximidade, pelo contato um a um, orgânico e autêntico.

Esses são os 10 tipos de inovação que Larry Keeley destaca. Todos são igualmente importantes e, portanto, você deve estimular seus colaboradores a encontrar maneiras de explorar todos eles.

Quanto mais variedade houver na inovação, mais forte será sua vantagem competitiva. E então, qual deles já é mais presente na sua empresa? Qual deles ainda precisa de uma atenção especial da sua equipe?

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A importância de mapear os tipos de inovação

Ao conhecer os tipos de inovação, a organização pode definir com clareza o seu conceito próprio de inovação, entendendo com clareza o propósito do seu programa de inovação, por exemplo.

Além disso, baseando-se nos tipos que fazem sentido para o negócio, quando a empresa atingir uma maturidade em inovação, poderá diversificar e balancear seus projetos de inovação com um portfólio, investindo tempo e recursos onde terá melhores resultados para a estratégia da empresa.

Em linhas gerais, o mapeamento auxilia os gestores que estão estruturando seu processo de inovação a encontrarem o tipo de inovação que faz mais sentido para seu negócio.

Cada tipo de inovação tem suas próprias particularidades e ao conhecê-los permitirá que você tome decisões estratégicas mais assertivas em relação a cada um deles.

Para fixar o conhecimento deste artigo, revisitamos a principal pergunta sobre o tema abaixo:

Conclusão

Viu só como os tipos de inovação podem ser trabalhado por diversas abordagens, mas que sempre buscam gerar mais valor ao negócio, com ações ordenadas que precisam estar conectadas com os objetivos da corporação?

Tão importante quanto conhecer os conceitos e características, é inovar contando com as ferramentas certas.

O AEVO é uma solução completa em gestão da inovação e estratégia, que auxilia as empresas desde a estruturação de um programa de inovação até a gestão de seus processos de inovação, assegurando que as pessoas da sua empresa possam inovar com mais facilidade, através de sua plataforma e consultoria especializada.

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