A transferência de tecnologia é uma ponte entre a ciência e a indústria, canalizando a transformação de ideias em soluções práticas.
Viabilizando a integração de descobertas científicas e desenvolvimentos tecnológicos no contexto empresarial, a transferência de tecnologia impulsiona a inovação e a competitividade.
Ela é capaz de elevar a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços das empresas, enquanto promove o avanço socioeconômico e o bem-estar da sociedade como um todo.
Existem diferentes tipos de contratos que delineiam os termos e condições da transferência de conhecimento e propriedade intelectual. Cada modalidade, desde licenciamento até parcerias estratégicas, apresenta nuances específicas para atender às necessidades e objetivos das partes envolvidas.
Independente do modelo, a transferência de tecnologia traz benefícios para diversos campos.
As empresas ganham acesso a expertise e soluções de ponta, enquanto as universidades e Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) fortalecem suas conexões com o setor produtivo.
Os cientistas veem suas pesquisas aplicadas no mundo real, e a sociedade como um todo colhe os frutos do desenvolvimento tecnológico.
Saiba quais são as possibilidades atuais para a transferência de tecnologia, e como a sua empresa pode aproveitar o potencial dessas parcerias. Siga a leitura.
O que é transferência de tecnologia?
A transferência de tecnologia diz respeito à cessão ou ao licenciamento das produções científicas e tecnológicas desenvolvidas por universidades e centros de pesquisa. Ela pode abranger um produto finalizado, como também um novo processo, e até mesmo uma descoberta ainda não aplicada na prática.
O Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia da UFJF aponta de maneira precisa que esse processo transforma a invenção em inovação. Sem que a descoberta seja implementada em um produto ou serviço capaz de gerar valor para organizações e pessoas, não podemos falar em inovação.
Se uma ICT desenvolve um novo processo para a limpeza química da água, por exemplo, temos uma invenção. No entanto, só teremos uma inovação quando esse mecanismo estiver disponível através de um filtro ou um produto aplicado no líquido.
Para as instituições de pesquisa, desenvolver a inovação pode ser um desafio. É preciso lidar com a aquisição de peças e matérias-primas, estabelecer um processo consistente de fabricação e pensar em modelos de distribuição.
As empresas, por sua vez, já contam com essa estrutura, e graças à transferência de tecnologia podem levar as soluções para o mercado.
A transferência de conhecimento e tecnologia pode ocorrer tanto para criações com proteção e registro, como patentes, quanto para aquelas sem proteção específica.
Além disso, ela tanto pode ter uso comercial, envolvendo negociações de valor entre as partes interessadas, quanto uso social, disponibilizada gratuitamente de acordo com legislações específicas.
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Quais as principais categorias de transferência de tecnologia?
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é o órgão responsável por regular a transferência de tecnologia no Brasil. Ele define cinco tipos de acordo contratual entre as empresas e as instituições científicas, nas seguintes modalidades:
1 – Cessão ou licenciamento de tecnologia
Envolvem a negociação do conhecimento técnico, conhecido como “know-how”. Eles estabelecem condições para a aquisição de conhecimentos e técnicas não protegidos por direitos de propriedade industrial no Brasil. Incluem a licença de uso de programas de computador (software), com a possibilidade de abertura do código fonte.
Os contratos de licença podem ser exclusivos ou não exclusivos, enquanto a cessão de tecnologia transfere a titularidade dos direitos de propriedade intelectual.
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2 – Contratos de assistência técnica
Visam obter técnicas para elaborar projetos ou estudos, além da prestação de serviços especializados. Podem incluir a contratação de pessoal especializado para a prestação de serviços, como a criação de soluções técnicas específicas e a oferta de capacitação e treinamento.
3 – Contrato de licença de direitos
Buscam o licenciamento de patentes concedidas ou pedidos de patentes depositados no INPI. Também incluem o licenciamento de registros de marca, desenhos industriais e topografias de circuitos integrados depositados ou registrados no Brasil.
Tais contratos também podem ser exclusivos ou não, de acordo com a política da instituição de pesquisa e as condições negociadas.
4 – Cessão de direitos
Transferem definitivamente a titularidade de patentes, registros de marca, desenhos industriais, topografias de circuitos integrados ou seus pedidos depositados ou registrados no Brasil para terceiros.
5 – Franquia
Envolve serviços e transmissão de padrões, além do uso de marca ou patente.
Na prática, esse modelo é mais utilizado por pessoas ou outras empresas que desejem replicar o sucesso obtido pela organização que detém a propriedade intelectual.
Além dos contratos regulados pelo INPI, existem outros dois caminhos comuns para a transferência de tecnologia:
6 – Spin off acadêmico
Consiste na transferência de uma inovação tecnológica para um novo empreendimento formado por pessoas diretamente ligadas à pesquisa. Ele ocorre quando professores e/ou alunos de uma universidade ou instituição científica desenvolvem um produto inovador e abrem uma empresa para entregá-lo ao mercado.
O Google e o Facebook são exemplos bem sucedidos dessa prática, com origem em pesquisas e iniciativas realizadas enquanto seus fundadores estavam ligados à academia.
7 – Desenvolvimento de tecnologia em parceria
Esse modelo envolve projetos colaborativos de Pesquisa & Desenvolvimento. Ele é feito com base em acordos para o compartilhamento dos direitos de propriedade intelectual, recursos humanos e materiais entre as empresas e instituições participantes.
Na maioria dos casos, uma empresa busca a universidade ou ICT para desenvolver uma nova tecnologia em conjunto. A direção contrária também é possível, embora menos comum.
Além disso, é normal a realização de projetos semelhantes entre uma empresa estabelecida em determinado setor e uma startup capaz de solucionar seus desafios.
O desenvolvimento em parceria promove a transferência de tecnologia de modo mais direto e colaborativo, incentivando a inovação aberta. Ele oferece mais controle para as empresas, que podem estabelecer condições alinhadas às suas necessidades para o projeto, ao invés de comprar a solução final.
Benefícios da transferência de tecnologia
A transferência de tecnologia é positiva para o desenvolvimento da economia e da sociedade, facilitando a criação de soluções para os desafios que enfrentamos cotidianamente. Além disso, a prática também é vantajosa para os dois lados envolvidos no processo.
Para as empresas
- Produtividade e Eficiência: contribui para a economia de custos e tempo no desenvolvimento de inovações, além de promover ganhos de produtividade por meio das inovações de processo;
- Vantagens competitivas: proporciona acesso a conhecimentos avançados, laboratórios e equipamentos de alto nível tecnológico. Também promove a competitividade em diferentes mercados a partir das inovações de produto;
- Atração e retenção de talentos: permite o acesso a especialistas qualificados, além de facilitar o recrutamento e a seleção de profissionais talentosos desde a graduação.
Para as instituições e pesquisadores
- Estímulo à Pesquisa: a transferência de tecnologia fortalece pesquisas de excelência, promovendo a projeção acadêmica dos pesquisadores e contribuindo para o desenvolvimento de novas soluções;
- Continuidade dos Projetos: os recursos facilitam a continuidade das linhas de pesquisa, permitindo melhorias na infraestrutura dos laboratórios e na capacitação dos participantes;
- Carreira e Mercado: conecta estudantes com oportunidades de carreira, estimulando o empreendedorismo e fornecendo acesso estratégico às informações de mercado.
Importância da transferência de tecnologia para a inovação tecnológica
A transferência de tecnologia desempenha um papel fundamental na promoção da inovação tecnológica, viabilizando tanto as pesquisas quanto a transformação de seus resultados em soluções concretas. Ela se torna um pilar que garante possibilidades como:
Colaboração e sinergia: ao facilitar a colaboração entre instituições de pesquisa e empresas, a transferência de tecnologia promove a sinergia entre diferentes áreas de especialização. A prática pode levar a abordagens interdisciplinares e soluções mais criativas para desafios tecnológicos complexos.
Transformação de ideias em soluções: as pesquisas realizadas em ambientes acadêmicos muitas vezes resultam em descobertas que têm potencial para se tornarem produtos ou serviços comercializáveis. A transferência de tecnologia é um caminho objetivo para transformar essas ideias em soluções prontas para o mercado.
Aceleração do ciclo de inovação: ao permitir trocas de acesso à infraestrutura, recursos e conhecimentos especializados, a transferência de tecnologia acelera o ciclo de inovação. Dessa forma, as empresas desenvolvem e lançam novos produtos e serviços mais rapidamente, ganhando vantagem competitiva no mercado.
Redução de riscos e custos: a colaboração com instituições de pesquisa por meio da transferência de tecnologia pode ajudar as empresas a reduzir os riscos e os custos associados ao desenvolvimento de novas tecnologias.
Conclusão
A transferência de tecnologia permite que o conhecimento científico e tecnológico seja aplicado em soluções práticas que beneficiam a sociedade e impulsionam o crescimento das empresas.
Dessa forma, ela é um caminho valioso para a inovação e o desenvolvimento econômico.
Empregar o potencial dessa prática requer uma abordagem estratégica de gestão da inovação, além de acesso a parceiros capazes de trazer soluções para seus desafios.
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