A responsabilidade corporativa dentro dos critérios ambientais, sociais e de governança cresce a passos largos no Brasil. Segundo o estudo “Panorama ESG 2024”, feito pela Amcham Brasil, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, 71% das empresas brasileiras implementaram ou iniciaram boas práticas de ESG nos últimos anos.
Dentro deste contexto de crescimento, a Matriz de Materialidade se destaca como uma ferramenta estratégica, capaz de alinhar as práticas ESG às expectativas dos stakeholders, oferecendo uma visão completa sobre as questões desta temática.
Neste artigo, abordaremos a importância da matriz de materialidade ESG e os impactos da sua implementação. Continue a leitura.
O que é uma matriz de materialidade?
Uma matriz de materialidade pode ser conceituada como o ponto de partida para toda iniciativa ESG de uma organização, facilitando a identificação e priorização de ações ambientais, sociais e governamentais que sejam mais importantes para o negócio e stakeholders.
Originada na área contábil, o termo “materialidade” faz referência a uma informação que, se omitida ou transmitida erroneamente, pode influenciar a decisão dos usuários. Esse conceito foi adaptado para relatórios de sustentabilidade nos anos 1990, pela Global Reporting Initiative (GRI) e, desde então, tem o objetivo de lidar com temas que afetam a imagem e a operação da empresa, dentro do contexto de ESG.
Como uso, a matriz de materialidade é um instrumento visual que apresenta aspectos internos e externos, a partir de análise de dados, consultas e avaliação dos riscos e oportunidades, para definir e divulgar temas que ajudarão a organização a conquistar seus objetivos estratégicos no seu mercado de atuação, evitando riscos e trazendo previsões para o futuro do negócio.
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Importância da matriz de materialidade
A importância da matriz de materialidade está diretamente vinculada aos benefícios que ela oferece para a organização e para o ecossistema de atuação do negócio.
É preciso dar destaque para o embasamento que oferece para tomada de decisões mais assertivas, alocação eficiente de recursos, comunicação estratégica, maior transparência com as partes interessadas e investidores, fortalecimento da marca, além de vantagem competitiva alinhadas ao ESG.
Entenda mais:
Alinhamento com as práticas de ESG

Todos fazemos parte e temos acompanhado a grande mudança nas expectativas da sociedade em relação às organizações, especialmente diante de temas como justiça social, inclusão e sustentabilidade.
Nesse aspecto, a matriz de materialidade ESG é fundamental para direcionar a empresa aos principais temas e práticas de governança que mitigam riscos e estabelecem bases para melhores decisões e crescimento sustentável.
Priorização de recursos
Uma vez que a empresa deseja adotar práticas de ESG, é fundamental identificar as áreas que mais tem gerado impacto positivo. Assim, a matriz de materialidade se torna a ferramenta de gestão para tomar decisões mais assertivas com base na estratégia da organização.
Alinhamento com stakeholders
Outro aspecto essencial da matriz de materialidade é entender as expectativas dos públicos de interesse.
Afinal, empresas comprometidas com o ESG contribuem para o desenvolvimento de comunidades mais sustentáveis, e considerar as necessidades dos stakeholders, além da organização, é essencial.
Como criar uma matriz de materialidade
Após o entendimento do conceito e relevância, este é o momento de pensar na construção da matriz de materialidade. Saiba como implementar e desenvolver essa ferramenta na realidade da empresa, siga a leitura.
Identificação de temas relevantes
Um dos primeiros passos para construir uma matriz de materialidade é definir os temas mais importantes. Essa ação é realizada com os próprios stakeholders, com uma consultoria, com pesquisa de mercado e com análise de tendências.
Entre as temáticas mais comuns, estão:
- Ambiental: consumo consciente de água e eletricidade, controle de emissões de gases, gestão de resíduos e poluição e proteção da biodiversidade;
- Social: direitos humanos e diversidade, saúde e segurança ocupacional, assistência e envolvimento social e impactos na comunidade;
- Governança: ética e transparência, gestão de riscos, privacidade dos clientes, qualidade do serviço e satisfação do cliente.
Engajamento com stakeholders
Partindo do princípio de entender as expectativas dos stakeholders, a implementação de uma matriz de materialidade considera opiniões e percepções de stakeholders internos e externos diante das ações da empresa. Por isso, manter reuniões e consultas para identificar prioridades é essencial para integrar gestão sustentável, os interessados e a materialidade.
Avaliação de impactos
Ao implementar uma matriz de materialidade em suas ações ESG é importante que ela forneça análise da relevância para o negócio. Dessa forma, é possível medir o desenvolvimento e ter clareza do impacto das ações em cada frente estabelecida, prevendo também novas estratégias para o sucesso da empresa a longo prazo.
Construção e validação da matriz
Por fim, para garantir uma construção eficaz da matriz de materialidade, é preciso analisar os dados e estruturar o impacto das ações definidas junto aos stakeholders, estabelecendo um período para que elas ocorram.
A partir disso, a mensuração e apresentação de resultados será responsável por filtrar e ajustar rotas para o bom desempenho de todo o programa.
Exemplos de aplicação da matriz de materialidade
Conheça empresas que implementaram a matriz para definir suas estratégias ESG:
Setor de varejo: PepsiCo
A PepsiCo, uma das maiores empresas de bebidas e alimentos do mundo, identificou em sua matriz de materialidade que o combate à escassez hídrica deveria ser priorizada entre suas ações.
Como posição, a Pepsi criou um programa que reduz o consumo de água na cadeia de produção e propôs repor mais água do que retirar dos reservatórios naturais.
Além disso, o processo também considerou a plantação de uma floresta de 586 hectares no Arizona e a criação de um canal para reconectar um rio no Colorado, com expectativa de repor 1,4 bilhões de litros de água à natureza por ano.
Setor de tecnologia: Apple
A gigante de tecnologia Apple também tem apresentado mudanças em prol do meio ambiente em seus relatórios de Acompanhamento Ambiental. Em 2022, a empresa revelou que tomou a decisão de ampliar o uso de materiais reciclados em seus produtos.
Desde então, 22% dos materiais usados nos produtos Apple em 2023 foram reciclados ou provenientes de fontes renováveis.
Assim, mais de 12 milhões de aparelhos e acessórios foram enviados para reutilização a novos proprietários em 2023, o que proporcionou uma redução de 20% nas emissões do transporte de produtos em comparação com 2022.
Setor de energia: Acelen
A empresa de energia criada pelo fundo Mubadala Capital, Acelen, também se posiciona com ações ESG e matriz de materialidade.
Com foco principal na redução da emissão de CO₂ na atmosfera e no consumo de água e energia nas operações, a organização que comanda a Refinaria de Mataripe reduziu seu impacto sobre o meio ambiente, reduzindo o consumo de água e de energia, além de gerar gases de efeito estufa.
Esses são os resultados principais da ação: 11% a menos no consumo energético (equivalente a pouco mais que o consumo residencial de eletricidade do estado de Roraima; 26% a menos no consumo de água, o equivalente a 4,7 bilhões de litros, o que consome uma cidade de 109 mil habitantes; redução de 87% nas emissões de enxofre e redução de 30% na geração de resíduos.
Conclusão
Com o aumento da consciência sobre as conexões entre negócios, sociedade e meio ambiente, o ESG, impulsionado através da matriz de materialidade, se torna um guia que orienta as empresas na busca equilibrada de resultados financeiros sólidos e impacto positivo.
Para atingir uma postura de excelência no ESG, é preciso ir além das mudanças pontuais, e implementar novas abordagens nos negócios.
A inovação é a maior aliada nesse processo, garantindo que as mudanças sejam positivas para o mundo e para a própria organização.
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