A provocação da minha pergunta poderia muito bem ser feita em língua portuguesa, mas preferi fazê-la em inglês, pois expressa bem o sentido da questão: “um mesmo modelo serve para todos?”
Minha resposta é: NÃO e SIM. Entenda o porquê dessa resposta a indagação “One size fits all?” seguindo a leitura do artigo.
Um mesmo modelo de inovação serve para todos?
NÃO, porque as empresas podem ser muito diferentes em sua essência, tamanho, maturidade de inovação e contexto. Elas vivem em diferentes momentos, com prioridades e estratégias distintas.
Existem as indústrias, onde o programa de inovação se assemelha ao já conhecido sistema Kaizen, com foco em melhorias contínuas que trazem maior produtividade, redução de custos e segurança ao chão de fábrica.
Existem outras, de setores variados, que podem estar focadas no desenvolvimento de produtos e ofertas que aumentem sua competitividade, buscando Inovação Aberta e parcerias com startups.
Há também empresas que possuem seus próprios laboratórios, investem pesado em P&D e grandes corporações onde a busca por inovações alcança o nível de investimentos em capital, fusões e aquisições.
Logo, um mesmo modelo de inovação não serviria para todos.
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E o sim?
SIM, porque a grande beleza do Programa de Inovação reside no fato de ele ser um grande framework que, compreendido como tal, serve para todos!
Quando a CEO da nossa empresa nos convidou para implantar um programa de inovação, confesso que fiquei assustado. Afinal, somos uma empresa familiar de porte médio do setor de Tecnologia da Informação. Nada, ou quase nada, a ver com as grandes corporações da FORTUNE 500 que lideram os rankings de inovação.
Por outro lado, somos uma empresa de 38 anos com um amplo histórico de inovações, tanto em tecnologia quanto em processos, estrutura e governança.
Inovar na gestão da inovação seria, portanto, um belo desafio.
Resumo da ópera: aceitamos o desafio e, hoje, passados um ano e meio da implantação do programa, podemos afirmar que o framework tem nos servido muito bem.
Implantamos, com apoio da AEVO, a nossa plataforma Central de Ideias e atingimos um engajamento de 16% dos colaboradores, representando praticamente todos os departamentos da empresa. Em alguns deles, como no departamento de Customer Success, tivemos participação ativa de mais de 50% dos colaboradores enviando ideias.
Ao longo do processo, tivemos ideias implementadas com resultados mensuráveis, como uma que idealizou uma nova metodologia para converter licenças “trials” em aumento de vendas, e outra que visava enfrentar, por meio de iniciativas inovadoras, os desafios da transformação digital no mercado de saneamento.
Lançamos também campanhas focadas em desenvolver soluções para resolver determinadas dores dos clientes e até mesmo um desafio de Inovação Aberta orientado a startups localizadas na região Norte do país.
Em suma: nada muito diferente do que fazem empresas de grande porte e de outros setores.
Então, quais seriam as características comuns deste framework que serve para todos?
Primeiramente, em comum há o reconhecimento de que é preciso inovar para que a empresa continue crescendo, mantendo-se competitiva, eficiente e capaz de atrair clientes, investidores e talentos.
De que é essencial estar atento às mudanças tecnológicas, ao comportamento do consumidor e aos modelos de negócio, pois a incapacidade de perceber e se adaptar às mudanças coloca em risco a longevidade da empresa.
De que é necessário agir com agilidade e simplicidade, atuando emergencialmente, quando necessário, para depois mudar estrategicamente.
Também levando em conta que a atitude inovadora deve ser um atributo de todo o time de colaboradores da empresa, e não apenas das mentes privilegiadas da alta liderança. Todos devem ser capazes de observar, orientar, decidir e agir diante das mudanças.
De que sozinha a empresa não consegue identificar todas as oportunidades do mercado, nem possui todos os recursos necessários para desenvolver todas as soluções.
Mas não basta apenas estar atento. É preciso mais para transformar insights em ações estratégicas:
- Investir em planejamento estratégico e alinhar as ações do programa de inovação a esses objetivos;
- Investir em pessoas e na cultura de inovação;
- Mudar a atitude dos colaboradores e das lideranças;
- Incentivar e reconhecer a criatividade e o intraempreendedorismo;
- Investir em tecnologia e em plataformas colaborativas como a da AEVO;
- Desenvolver governança e processos ágeis;
- Contar com o apoio da alta liderança da empresa.
De forma resumida, este é o framework do programa de inovação que serve para todas as empresas. Ele engloba: estratégia e alinhamento; cultura e ambiente; processos e metodologias; governança; recursos e infraestrutura; medição, avaliação e reconhecimento.
Sendo flexível o suficiente para se adaptar a todos, sua implementação dependerá do momento da empresa, da estratégia, das prioridades, dos recursos disponíveis e, principalmente, do engajamento de todos.
Um framework testado e validado tem suas vantagens: economiza tempo e recursos, minimiza riscos, reduz custos de desenvolvimento e permite aprender com experiências de outras empresas.
Conclusão
Para encerrar, retornando à questão inicial: Programa de Inovação: “One size fits all?”, o que você acha?
Na sua opinião, um programa de inovação implica em abordagens rígidas, com pouco espaço para adaptação às necessidades individuais, do tipo “ou é, ou não é”, ou está mais para um “coração de mãe”, onde sempre cabe mais um?